Ocupação que acolhe mulheres vítimas de violência é demolida em SP

28 de abril, 2025 Revista Fórum Por Júlia Motta

Casa Laudelina de Campos Melo, do Movimento Olga Benário, ocupa imóvel abandonado há mais de 30 anos para promover ações em defesa das mulheres

A ocupação Casa Laudelina de Campos Melo, localizada no bairro de Canindé, em São Paulo, sofreu na última quinta-feira (24), uma ação de demolição violenta que retirou o telhado da organização, destruiu paredes e cortou energia elétrica e a água do local. A ocupação vem sendo alvo de ameaças de despejo e demolição constantes.

A Casa Laudelina de Campos Melo funciona como um ponto de acolhimento para mulheres vítimas de violência e atua desde 2021 em um imóvel abandonado há mais de 30 anos em São Paulo, de acordo com a coordenação da ocupação. Ao todo, a Casa já atendeu mais de 10 mil mulheres vítimas dos mais diversos tipos de violência nas regiões do Canindé e Centro. Além disso, a ocupação oferece atividades culturais realizadas pelas mulheres militantes do movimento.

Segundo relatos da coordenação da Casa, a ocupação já sofreu diversas tentativas de intimidação e recebeu uma ameaça de suposta demolição ilegal uma semana antes do ocorrido na última quinta (24). As coordenadoras, porém, informaram à Justiça que o imóvel não poderia sofrer demolição, pois não está reintegrado, já que o processo está suspenso por pedido de desembargadora, impedindo a reintegração.

No entanto, o local foi invadido através de um buraco feito no primeiro andar da ocupação. De acordo com o documento sobre a imissão de posse, o imóvel pertence à empresa Francismar Comércio Importação e Exportação Ltda, que abandonou o prédio há mais de 30 anos.

No despacho, a ocupação argumenta que encontrou os imóveis “abandonados, sem cumprir sua função social, passando a ser ocupados pelo movimento para atender mulheres e crianças, vítimas de violência doméstica, além de idosos e imigrantes, a partir de janeiro de 2021, realizando toda sorte de atendimento, serviços e proteção a elas”. O movimento ainda sustenta que a liminar de imissão de posse não poderia ser efetiva “dado que além da função social do movimento, os moradores não foram qualificados para os fins de citação, além da incompetência do Juízo, cuja competência seria do Juízo universal da falência”.

“Defende, ademais, que se trata de posse velha, já que o imóvel está ocupado há mais de 4 anos consecutivos”, completa a ocupação.

No documento, a Casa ainda pede que seja realizada uma audiência especial de mediação, com a participação do Ministério Público e da Defensoria Pública, além da necessária instalação da Comissão Regional de Soluções Fundiárias de SP, para condução do caso.

À Fórum, a coordenação da Casa afirmou que o processo de destruição do local só foi barrado pela “solidariedade de mulheres do bairros e de apoiadores de movimentos sociais que rapidamente compareceram”. “Porém, o resultado foi uma completa destruição do andar de cima da Casa: os responsáveis por essa ilegalidade, a mando de um grande milionário e encoberto por Nunes e Tarcísio, quebraram e retiraram todo o telhado, cortaram a energia elétrica e água da ocupação, retiraram as tomadas, quebraram as privadas, roubaram os chuveiros e danificaram e quebraram móveis conquistados ao longo dos anos com doações e trabalho das mulheres que constroem a Casa”, relatou o movimento.

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