Antes dos 40 anos, tumores tendem a ser mais agressivos; segundo médica, tratamento nessa fase tem mais desafios, como preservar a fertilidade
Nos últimos anos, o crescimento na incidência de câncer entre pessoas jovens tem chamado atenção da comunidade científica. Segundo um grande estudo publicado no periódico BMJ Oncology, o número de novos casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos aumentou mais de 70% nas últimas três décadas em todo o mundo. No Brasil, o cenário também preocupa — e, entre os tipos de tumores mais frequentes nesse grupo, o de mama tem destaque especial, sobretudo entre mulheres com menos de 40 anos.
Embora ainda represente uma parcela menor dos casos totais, a incidência de câncer de mama em jovens vem aumentando, segundo Sociedade Brasileira de Mastologia. O problema é que essas mulheres muitas vezes não são contempladas pelas diretrizes tradicionais de rastreamento. Na saúde suplementar, a mamografia é recomendada a partir dos 40 anos. No Sistema Único de Saúde (SUS), o exame começa apenas aos 50. Com isso, boa parte dos tumores em mulheres mais jovens tem sido diagnosticada de forma tardia.
Os fatores que contribuem para esse aumento são diversos: obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e mudanças no padrão reprodutivo — como adiar a maternidade para depois dos 35 anos ou optar por não ter filhos e, por consequência, não amamentam. Hoje, já há evidências de que a poluição ambiental pode estar associada a um risco maior de desenvolver a doença. Fatores genéticos e histórico familiar também podem entrar nessa equação. É um cenário multifatorial que exige atenção constante.
Como identificar?
Como essas mulheres não fazem parte da faixa etária priorizada para exames de rotina, os tumores costumam ser identificados após o surgimento de sintomas — ou seja, muitas vezes é a própria paciente quem percebe algo diferente. Infelizmente, isso faz com que a doença, em muitos casos, já esteja em estágio mais avançado no momento do diagnóstico.
Por isso, é fundamental estar atenta aos sinais do corpo. Se uma mulher jovem, com menos de 40 anos, perceber alguma alteração nas mamas, deve procurar seu ginecologista — e essa queixa precisa ser levada a sério. Mesmo que a alteração seja detectada apenas no exame físico realizado pelo médico, é indispensável solicitar exames mamários, como ultrassonografia ou mamografia, de acordo com a avaliação clínica.
Em geral, os tumores de mama nessa faixa etária são mais agressivos e, por isso, o tratamento costuma incluir quimioterapia, além de terapias endócrinas em muitos casos.
