Mulheres que sofrem assédio por parte dos parceiros têm maior risco de doenças cardíacas

14 de agosto, 2025 O Globo Por La Nacion

No estudo, aquelas que sofreram assédio tinham 41% mais probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares

A violência de gênero afeta a saúde: mulheres que sofrem assédio por parte do parceiro ou que possuem uma ordem de restrição têm mais probabilidade de sofrer um infarto ou um AVC nos anos seguintes, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Circulation.

“Embora a violência contra as mulheres seja comum e existam evidências que a relacionam com consequências para a saúde cardíaca das mulheres, os profissionais de saúde ainda não a reconhecem amplamente nem a consideram como um possível fator de risco cardiovascular”, comenta Rebecca B. Lawn, pesquisadora nas universidades de British Columbia, em Vancouver (Canadá), e Harvard, em Boston (Estados Unidos).

Por isso, é importante ir além dos fatores de risco cardiovascular tradicionais nas mulheres e estudar “a relação entre os tipos de violência pouco explorados e a saúde do coração”, explica a pesquisadora.

Somente nos Estados Unidos — onde foi realizado o estudo — uma em cada três mulheres já sofreu assédio em algum momento da vida, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

Apesar desses números, os estudos cardiovasculares raramente incluem o assédio. Para entender bem o impacto de todas as formas de violência de gênero, a equipe analisou dados sobre assédio, ordens de restrição e doenças cardíacas ou acidentes vasculares cerebrais de mais de 66 mil mulheres ao longo de vinte anos.

Em 2001, quando o estudo começou, as participantes tinham uma média de 46 anos de idade e nenhuma apresentava doença cardiovascular. O estudo revelou que, nessas duas décadas, quase 12% das mulheres sofreram assédio e 6% obtiveram uma ordem de restrição.

Cerca de 3% de todas as mulheres estudadas relataram o surgimento de uma nova doença cardíaca ou AVC durante os 20 anos da pesquisa.

Em comparação com as mulheres que não haviam sido assediadas, aquelas que sofreram assédio tinham 41% mais probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares.

As que haviam obtido uma ordem de restrição tinham 70% mais probabilidade de sofrer uma doença cardiovascular, e as mulheres cujos prontuários médicos confirmavam infartos ou AVCs eram mais propensas a relatar que haviam sido assediadas ou que tinham uma ordem de restrição.

Violência que causa estresse

“O assédio é frequentemente considerado uma forma de violência que não envolve contato físico, o que pode fazer com que pareça menos grave, mas esses resultados mostram que o assédio não deve ser minimizado. Ele pode ser crônico, e as mulheres costumam relatar mudanças significativas em resposta a ele, como mudar de casa”, alerta Lawn.

O estudo sugere que a relação entre o assédio e as doenças cardiovasculares pode estar ligada ao estresse, que pode afetar o sistema nervoso, o funcionamento adequado dos vasos sanguíneos e outros processos biológicos, embora a pesquisa não tenha analisado esses mecanismos em detalhe.

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