(O Estado de S. Paulo) Empresas com mulheres em seus Conselhos de Administração têm uma performance melhor durante momentos de crise do que aquelas que só tem homens tomando as decisões, mostra um estudo que argumenta que conselhos mistos ajudam a melhorar o retorno sobre o capital das companhias.
As ações de empresas com um valor de mercado acima de US$ 10 bilhões que possuem mulheres no Conselho de Administração tiveram um resultado 26% superior ao daquelas de mesmo porte que têm administração 100% masculina. O levantamento, feito pelo braço de pesquisa do Crédit Suisse, cobriu um período de seis anos.
Entre o fim de 2005 e o ano passado, o número de mulheres nos Conselhos de Administração aumentou. Países como a Noruega criaram cotas para a participação de mulheres e diversos grandes grupos foram criticados por não implantarem uma política de inclusão de gênero. A pesquisa analisou um total de 2.360 empresas ao redor do mundo.
Aversão ao risco. “Empresas com mulheres tiveram um desempenho melhor desde a crise de 2008”, disse Mary Curtis, responsável pelo levantamento. “As companhias com mulheres nos Conselhos tendem a ser um pouco mais avessas ao risco e a ter uma dívida um pouco menor, o que me parece ser uma das principais razões para sua performance mais forte neste período em particular.”
No entanto, isso não quer dizer que a representação feminina seja um fenômeno mundial. A participação das mulheres aumentou nos últimos seis anos. Em 2005, 41% das companhias tinham mulheres nos Conselhos de Administração, porcentual que subiu para 59% no fim do ano passado. No entanto, países como Japão e Coreia do Sul estão bem atrás dos números apresentados pelos Estados Unidos e pela Europa.
A participação de mulheres é mais comum em grandes empresas e também nas que atuam no setor de cuidados com a saúde (73% dessas companhias têm representantes do sexo feminino em seus Conselhos). A mulher também é valorizada em segmentos ligados ao consumo e em grupos que têm executivas em cargos de destaque.
“De qualquer forma, as companhias do setor de consumo e de cuidados com a saúde são um pouco mais conservadoras. Mas, mesmo nesses setores, uma maior representação feminina significou também um desempenho melhor das ações no período”, diz Mary Curtis.
Leia em pdf: Mulheres no Conselho são ‘trunfo’ em tempos de crise (O Estado de S. Paulo – 02/08/2012)