(O Globo) Número de casamentos cresce 5%; registros extemporâneos caem em todo Brasil
Grávida do primeiro filho, a engenheira Patrícia Coelho, de 32 anos, casou aos 30 e teria adiado a gravidez um pouco mais se os riscos de ter um bebê não aumentassem aos 35 anos.
– Quero ter dois filhos e sei que o risco é menor até os 35. Se esse relógio biológico não existisse, eu até teria postergado mais. Eu casei aos 30, quis aproveitar um pouco, e também esperei para ter minha carreira mais definida. Minha irmã de 33 anos tem um bebê de nove meses, e tenho um grupo de amigas também nessa faixa etária, depois dos 30, tendo filhos. É um comportamento natural a minha volta – conta Patrícia, grávida de nove meses de Artur.
O comportamento de Patrícia tem crescido no Brasil. De 30 a 34 anos, a proporção de registros de nascimentos cujas mães estavam nessa faixa etária passou de 14,4%, em 2001, para 18,3%, em 2011. Por outro lado, houve redução nas taxas de fecundidade de mulheres entre 15 e 19 anos. Em 2001, a proporção de registros de nascimentos cujas mães tinham entre 15 e 19 anos era de 20,9%. Em 2011, no entanto, caiu para 17,7%.
– As mulheres estão escolhendo a hora de ter filhos. E os números apontam que a tendência é que mais mulheres tenham filhos mais tarde. O padrão de fecundidade no Brasil era de 20 a 24 anos. Agora, tende a reduzir nessa faixa e passar para de 25 a 29 anos – diz Cláudio Crespo, do IBGE.
Ano passado, no Rio, 20,1% dos bebês tinham mães entre 30 e 34 anos. Em SP, a taxa chegou a 21,3%. Se observados os estados da Região Sudeste, já em 2001, as proporções de nascimentos cujas mães tinham entre 30 e 34 anos foram maiores do que as mães que, em 2011, tinham de 15 a 19 anos. O primeiro grupo foi responsável por 16,4 dos nascimentos. O segundo, de acordo com o Censo 2010, por 15,1%.
– Essa mudança ainda não pode ser observada em alguns estados das regiões Norte e Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, um em cada quatro bebês nascidos em 2011 tinha mãe entre 15 a 19 anos. No DF, por sua vez, um em cada dez. Ainda que seja desigual nos estados, estamos convergindo para o envelhecimento da maternidade – conta Crespo.
Casamentos crescem 5%
Os dados mostram ainda que o número de registros extemporâneos – quando os nascimentos só são registrados no cartório no ano seguinte ou mais de 90 dias depois da data – vem caindo. Em 2011, 202.636 registros foram extemporâneos, o que representou 6,7% do total. Em 2010, esses registros representaram 7,1% do total. Por outro lado, em 2011, foram registrados 1.026.736 casamentos: 5% a mais do que em 2010. A taxa de nupcialidade legal cresceu em relação a 2010: 7,0 casamentos para 1.000 habitantes de 15 anos ou mais. Na década de 70, a taxa chegou a 13 casamentos por 1.000 habitantes.
Acesse em pdf: Mulheres adiam cada vez mais início da gravidez (O Globo – 18/12/2012)