(Folha de S.Paulo) Quando Cécile Kyenge aceitou o cargo de ministra da Integração no governo centro-esquerdista do primeiro-ministro Enrico Letta, ela sabia que, sendo a primeira pessoa negra a assumir um cargo nacional, estaria desbravando um novo terreno. O que talvez não esperasse era a enxurrada de insultos raciais que acompanharam suas primeiras semanas no ministério.
Ameaças de morte foram colocadas no Facebook, e, em junho, uma vereadora de Pádua defendeu que Kyenge fosse estuprada para que “entendesse” como as vítimas de estupro se sentem. A vereadora Dolores Valandro, que fez esse comentário ao falar do caso de uma mulher que havia sido estuprada por um africano, foi posteriormente expulsa da Liga Norte, partido anti-imigração.
As agressões verbais foram tão preocupantes que Kyenge, 48, que nasceu na República Democrática do Congo e se mudou para a Itália aos 19 anos, agora viaja com segurança reforçada. Ela por enquanto não respondeu diretamente aos seus detratores, preferindo elogiar os muitos que se manifestaram em seu apoio, salientando a necessidade de mais civilidade entre os italianos.
“Cabe às instituições e à população dar uma resposta a esses ataques”, disse Kyenge. “Não respondo porque o estímulo para a discussão emerge disso. Você vê o melhor da Itália quando há uma resposta no domínio público.”
Acesse o PDF: Ministra italiana é alvo de racismo (Folha de S.Paulo, 09/07/2013)