(O Globo) O Largo do Machado viveu seu dia de Largo da Carioca, tamanha a variedade de visitantes e de manifestações. Beijos em defesa da causa dos homossexuais, atrizes seminuas a favor dos direitos das mulheres e um ato político contra o governo chamavam a atenção de centenas de peregrinos que aguardavam numa fila gigantesca pela chance de visitar o Corcovado.
No início da tarde, oito atrizes roubaram a cena. Vestidas de diabas, índias e bruxas, elas defendiam o direito das mulheres e temas polêmicos para a Igreja, como o aborto. Com um surdo de marcação e músicas irreverentes, o grupo deixou os seios à mostra e atraiu uma legião de curiosos.
– Não somos contra a Igreja, mas sim a favor do que acreditamos e na liberdade da mulher para decidir sua própria vida – disse Fabiana de Oliveira, uma das participantes do protesto.
Os jovens que faziam fila para pegar a van em direção ao Corcovado olhavam perplexos, até que um grupo começou a puxar o coro: Ei ei ei! Jesus é nosso rei!
O refrão logo foi abafado pelo carro de som de uma manifestação que reunia centrais de trabalhadores e militantes de partidos políticos, em protesto contra o governo do estado e os gastos para a Jornada Mundial da Juventude.
Com protesto e com afeto
Um pouco mais tarde começaram a chegar os simpatizantes da causa gay. Ativistas fizeram cartazes e ostentaram as bandeiras do arco-íris, símbolo do movimento LGBT. No fim da tarde, cerca de cem manifestantes rumaram em direção ao Palácio Guanabara para promover um beijaço coletivo.
– Protestos desse tipo são necessários em uma sociedade onde o beijo entre pessoas do mesmo sexo ainda é visto como uma ofensa – ressaltou o estudante João Pedro Acioly, organizador do movimento.
O universitário Julio Cesar Sanches, de 24 anos, foi um dos primeiros a chegar – e a beijar.
– É importante dar visibilidade a essas questões para que a Igreja possa rever suas diretrizes – defendeu.
Acesse o PDF: Beijos e seios de fora no Largo do Machado (O Globo, 23/07/2013)