(G1) O livro “Cinquenta tons de cinza”, que se transformou em best-seller mundial, perpetua o problema da violência contra as mulheres, afirmou um estudo publicado nesta segunda-feira (12) pela revista científica “Journal of Women’s Health”.
A professora Ana Bonomi e suas colaboradoras Lauren Altenburger e Nicole Walton, da Universidade do Estado de Ohio, nos EUA, chegaram à conclusão de que o abuso emocional e sexual domina o romance em que a principal personagem feminina, Anastasia, sofre danos como resultado.
“Embora a violência cometida pelos parceiros afete 25% das mulheres, com prejuízo para sua saúde, as condições sociais atuais – com a normalização do abuso na cultura popular por meio de romances, filmes e músicas – criam o contexto que sustenta essa violência”, diz a pesquisa.
O romance da escritora britânica E.L. James descreve a relação entre o multimilionário Christian Grey, de 28 anos, e a estudante universitária Anastasia Steele, de 22, como “romântica” e “erótica”.
Para o estudo, as autoras leram o livro e fizeram resumos dos capítulos para identificar os temas principais. Como definição de violência cometida por um parceiro, elas usaram o que foi definido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que inclui abuso emocional por intimidação e ameaças, isolamento, vigilância e humilhação.
Na área da violência sexual, a definição governamental inclui atos e contatos feitos contra a vontade da pessoa, incluídos o uso de álcool e drogas e a intimidação.
“Esse livro perpetua os padrões de abuso perigosos e, no entanto, se apresenta como uma história romântica e erótica para as mulheres”, destaca Ana. “O conteúdo erótico poderia ter sido conseguido sem o tema do abuso.”
No romance, Anastasia sofre reações comuns entre as mulheres que sofrem abusos, acrescenta o estudo. A protagonista sente uma ameaça constante e a perda da própria identidade, modifica seu comportamento para manter a paz na relação quando, por exemplo, esconde seu paradeiro para evitar a ira de Christian.
Além disso, torna-se impotente e está presa na relação, à medida que sua conduta se transforma em uma resposta mecânica aos padrões de abuso do milionário.
“Cinquenta tons de cinza”, publicado em 2011, vendeu mais de 70 milhões de exemplares. Suas continuações são “Cinquenta tons mais escuros” e “Cinquenta tons de liberdade”. Além disso, um filme está sendo produzido com base na obra.
Acesse o PDF: ‘Cinquenta tons de cinza’ perpetua violência contra mulheres, diz estudo (G1, 12/08/2013)