(Correio Braziliense) Cena 1: moradora de área rural do DF pede a palavra, ao fim de palestra sobre direitos femininos, em que ouviu pela primeira vez alguém dizer que sexo, mesmo entre marido e mulher, tem que ser consensual, não pode ser obrigatório. “Se é assim, então, sofri violência sexual, fui estuprada várias vezes pelo meu marido”, conclui ela.
Cena 2: mulher, durante evento semelhante, em Planaltina, admite que, para trabalhar fora, teve que pedir “permissão” ao marido, que a queria dentro de casa, cuidando dos filhos.
Cena 3: dona de casa, participante de curso de qualificação profissional na área da construção civil, afirma, na primeira reunião do grupo, que, para estar ali, precisou mentir para o marido: “Se dissesse que viria fazer o curso, ele não deixaria. Acha que esse trabalho é coisa de homem.”
As histórias acima são reais. Foram presenciadas por técnicos da Secretaria da Mulher do DF, que participam dos mutirões de informação, formação e cidadania. Os mutirões integram o programa Rede Mulher, conjunto de ações de proteção e promoção do público feminino, promovidos pela secretaria, principalmente, nas áreas mais carentes.
Mais do que meros registros factuais, as histórias denunciam a cultura patriarcal, machista e sexista, que permeia a sociedade brasileira há 500 anos. Uma herança da civilização ocidental, marcada há milênios pelo poder pátrio.
Acesse na íntegra no Portal Compromisso e Atitude: Além da Lei Maria da Penha, por Olgamir Amancia (Correio Braziliense – 07/10/2013)