(Agência Brasil) Síndrome que compromete o sistema imunológico, a aids foi estigmatizada por muitos anos como doença restrita à população homossexual e fortemente associada à promiscuidade, tendo sido chamada por veículos de imprensa como “peste gay” quando foram diagnosticados os primeiros casos no Brasil, no início da década de 1980. Para reverter esse preconceito, sanitaristas e epidemiologistas focaram suas ações em duas vertentes: a estruturação de uma rede de diagnóstico e prevenção da doença, que à época avançava em vários países, e campanhas massivas. Profissionais, autoridades e organizações da sociedade civil se empenharam, nos últimos 30 anos, para desconstruir o mito da existência do grupos de risco, reforçando a ideia de comportamentos de risco, já que o vírus passou a se espalhar de forma geral, não mais se concentrando apenas em uma determinado segmento social, como homossexuais, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos.
São considerados comportamentos de risco relações sexuais (homo ou heterossexual) com pessoa infectada sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis; reutilização de objetos que perfurem ou cortem o corpo (agulha, alicate de manicure, tesoura etc.) com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV.
Além da evolução observada na forma de enxergar a doença, o Brasil avançou no tratamento de pessoas soropositivas, desenvolvendo tecnologia em medicamentos e tomando decisões políticas para garantir o acesso da população de mais baixa renda aos remédios. Dois fatores foram fundamentais para isso: a distribuição gratuita do coquetel antiaids (combinação de medicamentos responsáveis pelo atual tratamento de pacientes HIV positivo) e a quebra de patentes de remédios que integram o coquetel, iniciada em 2001, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, e ampliada em 2007 durante mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em razão dessas medidas, a sobrevida de pessoas infectadas foi prolongada. Até o começo da década de 1990, a aids era considerada uma doença que levava à morte em um prazo relativamente curto. A transmissão ocorre por meio do sangue, sêmen, de secreção vaginal e do leite materno. Logo que forem observados quaisquer sintomas que indiquem uma possível contaminação, como febre, manchas na pele (sarcoma de Kaposi), calafrios, ínguas, dores de cabeça, de garganta e musculares, perda de peso, deve-se procurar um profissional de saúde para o diagnóstico correto e a indicação do tratamento adequado. Estudos internacionais mostram que o uso precoce de antirretrovirais reduz em 96% a taxa de transmissão do HIV.
Acesse o PDF: Quebra de estigma da aids ainda é desafio social (Agência Brasil – 01/12/2013)