(O Globo) Com presidência temporaria da UE, Grécia tem a esperança de voltar a ser ‘como os outros’
Giorgios Mpitzilis, de 40 anos, que é maître num restaurante do bairro de Monastiraki [em Atenas, Grécia], comemora um reforço no orçamento doméstico: após cinco anos sem trabalho, sua mulher está empregada há oito meses. No país campeão de desemprego da Europa, a situação de jovens e mulheres é mais grave: os índices desses grupos chegam a 54,8% e 31 ,4%, respectivamente, conforme a Eurostat, a agencia de estatísticas da região.
Os empresários têm dificuldades para contratar. Kostas Tsiaktanis, de 40 anos, dono do hotel em Plaka, diz que precisaria de dois funcionários, mas, diante da carga tributária e da redução no fluxo de turistas, não pode arcar com o custo de € 3 mil por mês que teria se abrisse as vagas. Por isso, ele e seu pai trabalham 14 horas por dia, das 7h às 21h.
Conseguir um emprego é mesmo motivo para celebração. Quem não tem a mesma sorte, tenta fazer dinheiro no mercado informal, como os vendedores ambulantes, artesões e artistas de rua que povoam os pontos turísticos. Ou, como a mulher de Mpitzilis, que pega emprestado o táxi de um amigo para ganhar € 30 transportando turistas. No rádio, ao som de “Take My Breath Away”, da banda Berlin, trilha do filme “Top Gun”, ela diz que quer conhecer o Brasil, mas só após pagar os estudos das duas filhas.
Diante da deterioração dos últimos anos – a crise deixou os gregos 40% mais pobres do que eram em 2008 -, a esperança vem de projeções de crescimento para este ano. Ainda que frágil, se concretizada, a expansão do Produto lnterno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) significará a mudança de rota do país, que em 2013 encolheu 4%, segundo estimativas.
Também há ânimo em torno da presidência temporária da União Europeia (UE), que a Grécia assumiu em janeiro e manterá por seis meses. Para o país, é uma oportunidade de resgatar o prestígio. O premier Antonis Samaras disse que a “Grécia quer voltar a ser um país como os outros”. (Valéria Maniero)
Acesse o PDF: Falta de vagas afeta mais mulheres e jovens (O Globo, 19/01/2014)