Dia Preto, é um dia de reflexão, conhecimento e vivências, que um grupo de pessoas independentes e ligadas a diferentes organizações não governamentais, focadas de alguma maneira em temas/categorias de raça e gênero, assumiram o desafio de dialogar e contestar a situação da população negra em Mogi das Cruzes e na região do Alto Tietê.
O evento acontecerá no próximo sábado, dia 31 de maio, das 10hs às 19:30 horas, na Quadra da Escola de Samba Unidos da Vila Industrial – Rua João Cardoso dos Santos, nº 610, com atividades para o público em geral, como oficinas, exposição, dança, culinária, roda de conversa e música. É uma forma de fazer um enfrentamento propositivo à desigualdade racial, apresentando a história da população negra em sua origem africana até os dias de hoje, suas resistências, cultura e valores.
Será um momento de diálogo com temas relacionados a vivência cotidiana da população negra brasileira, como a ancestralidade, origem, musicalidade, arte, revolta, resistência, sonhos, alegrias, tristezas, paladares, religiosidade, crença, produção e toda a composição histórica desta população. É um desvelar do que não nos damos conta, por termos uma sociedade que mascara questões primordiais da vida e do ser negra e negro na sociedade brasileira.
Desafios por igualdade impulsionam o DIA PRETO
Dias como este expressam a indignação diante da situação de desigualdade e preconceito em que vive a população negra em Mogi das Cruzes, no Alto Tietê, no Brasil e no mundo, diante do fato de as pessoas não negras vivenciarem privilégios que estão totalmente ligados a quantidade de melanina em sua pele, não importando a classe social a qual é sua pertença.
Nos deparamos todos os dias com fatos, amplamente divulgados pela mídia nacional e internacional, que favorecem a baixa estima, a negação da criança, da mulher, do homem, enfim, da pessoa negra. Temos como exemplo:
• O não reconhecimento das religiões de matriz africana que precisam passar por pressão social para sair da esfera do condenado, do sincrético, do pejorativo, do mal visto, mesmo que nesta esfera sagrada tenhamos milhares de pessoas não negras fazendo parte da comunidade religiosa do candomblé e da umbanda;
• As empregadas domésticas no Brasil, uma atividade exercida majoritária e historicamente por mulheres negras. O reconhecimento desta profissão levou séculos para ser regulamentada. O debate público foi pautado de forma a mostrar que a categoria se tornava um problema no orçamento familiar, e não pelo viés da cidadania, dos direitos e do seu reconhecimento histórico. Há poucos dias, a mentalidade insana atuante na desqualificação das empregadas domésticas veio a tona com uma página no twitter, pertencente a um profissional de marketing, morador de São Paulo, que deu visibilidade ao preconceito sofrido por essas mulheres, veiculando frases e diálogos preconceituosos e racistas por parte de seus empregadores.
• As constantes demonstrações racistas e preconceituosas nos estádios de futebol.
• Estudos mostram que a polícia mata 3 vezes mais pessoas negras que brancas, e ainda aponta que os jovens negros são identificados como mais perigosos e portanto alvos direto da violência policial. Um destaque especial para o caso de Claudia Silva Ferreira, auxiliar de limpeza, morta arrastada por carro da PM. Por que ela foi colocada no porta-malas e não no banco traseiro do carro, se a intenção era socorrê-la?
A população negra vive todo o tempo sob o estigma do medo de sua qualificação ser apontada pelo o outro como inferior, como um ser a ser dominado, uma negação, pois o vê como ameaça,
Infelizmente esse contexto só mudará quando o poder público, em suas esferas executiva, legislativa e judiciária assumir efetivamente as políticas afirmativas que promovam a igualdade, pois os municípios não trabalham de forma igualitária quando, por exemplo, não implementam a lei 10.639/03 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Isso é negar à criança negra o direito de conhecer a sua origem, que não é a de escravizada como muitas gerações pensaram. Por que falamos da origem européia e mostramos a composição dos países, de sua cultura, sua importância histórica e não falamos do Continente Africano, seus países, culturas, produção? Por que nas escolas não se ensinam sobre as personalidades negras como os irmãos Rebouças, Juliano Moreira?
São muitos os desafios colocados para a sociedade brasileira e a cada não negro que compõe esta sociedade e que deseja viver com respeito, dignidade, justiça e outros princípios básicos para cidadania, pois em uma sociedade em que há discriminação, desigualdade, dominação contra a população negra faz de cada cidadão e cidadã um discriminador/a. Para não estar neste lugar é preciso práticas cotidianas em defesa do respeito a diferença, desde educar filhos e filhas para o respeito, impedindo que crianças não negras chamem as negras de “macaco”, “tição”, “cabelo de pixaim”, “feio”, até o debate público, entendendo o papel de formadores de opinião que temos em várias esferas da vida desde a família até o nosso ambiente de trabalho, por exemplo.
PROGRAMAÇÃO
10:00 * Abertura dos Portões – boas vindas
* OFICINA Voz dos tambores
* OFICINA AfroDança para crianças de 4 a 12 anos
11hs * Vivência de Capoeira
* OFICINA Abayomi (bonecas negras de pano)
12:00 às 14hs * Comida Caseira (venda almoço R$ 8,00 – prato feito)
13h30 * OFICINA AfroDança para Adultos e adolescentes
* OFICINA Abayomi (bonecas negras de pano)
15hs * Contação de histórias
* OFICINA Ajeun – momento de preparação do Banquete. Para pessoas a partir de 14 anos
16hs * OFICINA Turbante e amarrações
16:30 * Roda de conversa: “Conjuntura brasileira e as lutas do povo negro” com Reginaldo Bispo. Realização e organização: Movimento Negro Unificado e Maracatu Boigy
18hs * Espetáculo Musical: “Dia Preto – uma celebração às nossas raízes” – Um espetáculo que traz em sua espinha dorsal a louvação ao povo negro em todas as suas nunces . Um misto de ritmo, sons, cores e sentimentos sincretizados na cultura brasileira.
Participações Especiais: Trio Aperto de Mão, Danilo Meirelles, Mariana Mendonça, Coral da Igreja Nossa Senhora do Rosário, Maracatu Boigy, Congada São Benedito de Santo Ângelo, Grupo Oju Orun, Xavier Filho, Ala Negratitude e Bateria da G.R.E.S. Unidos da Vila Industrial
19h30 * Cortejo – sai de frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Vila Industrial, tendo como destino o Largo do Rosário, ocal onde existiu a primeira Igreja Nossa Senhora do Rosário. Realização e organização: Maracatu Boigy
Durante toda a programação: * Exposição de Fotos e Dados Históricos
* Biblioteca e Brinquedoteca Itinerante do Programa ÀLÀÁFIÀ
* Livraria com temática Afrobrasileira
* Exposição e venda de roupas , instrumentos e artesanatos com temática afro
* Cine Africanidades – exibição de animações e filmes nacionais e internacionais para todas as idades
* Estúdio Fotográfico com Negro Edy
INFORMAÇÕES: (11) 97454-0841 / 97469-0656 / 97384-7193 / 94969-7288