Em artigo publicado publicado pela Folha de S.Paulo, Roseli Fischmann, professora da Faculdade de Educação da USP, comenta a crise que atingiu o Vaticano em razão da divulgação de denúncias de omissão e acobertamento de crimes cometidos por padres pedófilos.
A educadora foca seu artigo sobre a reação do Vaticano diante da ampla veiculação pela mídia sobre o noticiário acerca das denúncias desses crimes, que vem atingindo fortemente religiosos da alta hierarquia da Igreja Católica, inclusive o próprio papa Bento 16.
Na avaliação de Roseli Fischmann, “o Vaticano publicou editorial atacando a imprensa internacional por cumprir seu papel, qual seja, o de informar. Acostumada a tratamento diferenciado, muitas vezes privilegiado, por parte da mídia, com desvantagem para os demais grupos religiosos, a hierarquia católica reage de forma hostil à impossibilidade que teve a imprensa de postar-se como cúmplice de crimes inaceitáveis, por omissão”.
No artigo a educadora lembra que, “investidos de aura suprahumana, (…) com facilidade pode ocorrer de buscarem transbordar, para o plano meramente político, o poder espiritual que lhes é atribuído pela religião, como instituição humana. Decorre daí a facilidade de, em nome da divindade, fazer acordos internacionais (como a concordata com a Santa Sé a que se curvaram políticos do Brasil), desenvolver articulações políticas e facilmente ganhar espaço, onde outros dependem do voto e da legitimidade”.
Sobre as denúncias de que vem sendo alvo, Roseli Fischmann ressalta que “a lentidão em reconhecer os casos de abuso e pedofilia, em diferentes países, como o Brasil, é a outra face da moeda, que credita à Igreja Católica o poder de a tudo julgar e tudo determinar na vida humana, inclusive interferindo em políticas públicas. É o caso das pressões sobre o 3º PNDH, para os temas de retirada dos símbolos religiosos de estabelecimentos públicos, reconhecimento da autonomia das mulheres, em caso de aborto, e das uniões homoafetivas, incluindo adoção de filhos”.
Leia o artigo na íntegra: De pecados e crimes, por Roseli Fischmann (Folha de S.Paulo – 29/03/10)