Após dois dias de julgamento, um júri popular inocentou 25 mulheres que realizaram aborto em uma clínica de planejamento familiar em Campo Grande/MS.
O mesmo tribunal condenou quatro funcionárias – uma psicóloga e três enfermeiras – que trabalhavam nessa clínica, onde teriam sido realizados pelo menos 10 mil abortos. Elas respondiam pela participação direta em 25 das interrupções de gestações realizadas sob suposta orientação da proprietária da clínica, a médica Neide Mota Machado, que se suicidou em novembro do ano passado.
A psicóloga Simone Aparecida Cantaguessi de Souza foi condenada a 6 anos e 6 meses em regime semiaberto pelo atendimento a cinco das 25 mulheres. Já a enfermeira Maria Nelma de Souza, que seria a encarregada pela realização dos abortos, foi condenada por três casos a 4 anos de prisão em regime aberto. A enfermeira Rosangêla de Almeida foi condenada a 7 anos de prisão em regime semiaberto, por cinco casos. A também enfermeira Libertina de Jesus Centurion respondeu por um caso e foi condenada um ano e três meses em regime aberto.
Com exceção da psicóloga, todas negaram as acusações, afirmando que realizavam somente aplicações de contraceptivos, curetagem e aborto retido em casos de nascidos mortos.
Para o advogado de defesa Renê Siuf, foi “um julgamento hipócrita”, pois “todo mundo sabia da existência da clínica”. “Acho injusto colocar a culpa só nas quatro. Foi um julgamento hipócrita, gerado pela mídia. Foi um caso de muita polêmica porque teve muita divulgação na mídia. Isso provocou comoção exacerbada. Não vou me conformar com esse resultado”, desabafou o advogado.
Saiba mais: Júri condena 4 por participação em 25 abortos em MS (O Estado de S.Paulo – 10/04/2010)