O índice de mortes maternas no mundo diminuiu 35% de 1980 a 2008. As principais causas apontadas são: queda nas taxas de fertilidade e melhora na qualidade de vida, o que inclui desde ganhos no estado nutricional das mães até facilidades no acesso à saúde. No Brasil, os óbitos durante a gestação, parto ou pós-parto caíram 63% no período; em 2008 o país registrou 55 mortes de mulheres para cada 100 mil nascidos vivos.
Estudo realizado em 181 países mostrou que o número total de mortes no mundo passou de 526 mil para 343 mil por ano no período. No Brasil, a taxa de mortes por 100 mil nascimentos passou de 149, em 1980, para 55, em 2008.
A taxa de mortalidade materna é calculada contando-se as mortes de mulheres durante a gestação, parto ou puerpério (até 42 dias após dar à luz) para cada 100 mil crianças nascidas vivas.
As causas das mortes podem ser diretas (quando causadas por doenças que só ocorrem nesse período, como eclâmpsia) ou indiretas (quando provocadas por males preexistentes ou que se desenvolveram durante a gestação e foram agravados por ela, como problemas circulatórios ou respiratórios).
A melhoria na qualidade de vida que contribui para a redução das mortes maternas foi constatada pelos pesquisadores na Ásia e na América Latina, em especial. Também foi apontado o aumento nos níveis de escolaridade e maior assistência ao parto. Segundo o estudo, no Brasil esses fatores responderam por uma queda nas mortes maternas de 3,9% ao ano, número superior ao verificado no México, que teve uma queda anual de 1,9%.
“O Brasil vem fazendo esforços sérios para diminuir os índices de mortalidade materna, com melhorias na educação e nas condições socioeconômicas. Nesse período, diminuiu o nível de pobreza e aumentou o de educação, bem como o acesso aos contraceptivos”, declarou o ginecologista e obstetra Aníbal Faundes, professor da Universidade Estadual de Campinas e consultor da Organização Mundial da Saúde, procurado pela reportagem da Folha de S.Paulo. Faúndes lembrou porém que “a elevada taxa de cesáreas leva a um risco maior de hemorragias”.
“Medidas simples, como fazer no mínimo seis consultas no pré-natal e um bom atendimento de partos hospitalares podem resultar em grandes avanços”, afirmou Nilson Mello, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Contudo, Mello apontou que as hemorragias e infecções continuam sendo importantes causas de morte no Brasil, ao lado das complicações em decorrência de abortos.
A reportagem aponta que a epidemia de Aids, principalmente nos países africanos, também teve impacto negativo nos números. De acordo com o estudo, se ela estivesse mais bem controlada, o progresso na prevenção da mortalidade materna teria sido muito maior.
Redução é uma das Metas do Milênio
A diminuição em 75% das mortes maternas até 2015 é uma das oito metas definidas na Declaração do Milênio da Organização das Nações Unidas. O documento, assinado em 2000 pelos países-membros, estabelece objetivos para melhorar os indicadores de saúde e o desenvolvimento sustentável.
A notícia foi destaque da seção Saúde do jornal Folha de S.Paulo. Leia a matéria na íntegra em pdf: Mortalidade materna cai no mundo todo (Folha de S.Paulo – 15/04/2010)
Indicação de fontes:
Ana Cristina Tanaka – médica
Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP
São Paulo/SP
Fala sobre: saúde pública; saúde da gestante; morte materna; índices de mortalidade materna
Aníbal Faúndes – médico ginecologista e obstetra
Cemicamp – Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas
Campinas/SP
Fala sobre: contracepção; aborto; mortalidade materna; malformação fetal