23/05/2010 – PMs femininas são menos violentas que os homens (Estadão)

24 de maio, 2010

(O Estado de S. Paulo) Dados da Polícia Militar e um estudo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) apontam que as PMs femininas são menos violentas que seus colegas homens, mas representam apenas 10% da corporação e ficam com as tarefas mais burocráticas.

O estudo Mulheres na Polícia Militar do Estado de São Paulo, de Mariana Barros Barreira, revela ainda que as oficiais femininas são tão eficientes no policiamento quanto os homens. A autora do estudo pesquisou estatísticas de forças policiais dos Estados Unidos e em países da Europa e descobriu que em todas que havia menos agressividade por parte das mulheres.

De acordo com dados da Polícia Militar paulista, o contingente atual é formado por 9 mil mulheres e 84 mil homens, sendo que há cinco vezes mais oficiais homens presos que PMs mulheres: a cada 2.250 policiais militares homens, mais de cinco estão detidos no presídio da corporação, o Romão Gomes; já para o mesmo número de PMs femininas, há apenas uma detida.

Procurado pela reportagem do Estadão, o comando da PM estadual alega que o número de policiais homens presos mostra que “as mulheres são empregadas em situações menos graves, como negociadoras, administração ou ronda escolar”. Sobre os policiais presos recaem acusações como roubos, homicídios e violar regras internas.

Enquanto as mulheres são 10% dos integrantes da PM, na Polícia Civil elas são 30%.

“A hegemonia de homens é uma opção política da PM, que ignora a proporção entre os sexos “, diz a pesquisadora Mariana Barreira. Denis Mizne, diretor executivo do Instituto Sou da Paz, avalia que uma maior presença de mulheres melhoraria a PM. “É preciso que elas também ocupem cargos importantes dentro da Polícia Militar”, acrescente ele. 

“Se olharmos os cargos de chefia, veremos que existe um funil”, afirma Mariana Barros. Segundo a pesquisadora, entre os 52 batalhões da Grande São Paulo, apenas um é comandado por uma mulher: o 5.º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M), na Vila Pedrosa, zona norte da capital, é chefiado pela tenente-coronel Edneide Lima Nóbrega.

A pesquisadora critica o fato de o cargo máximo da PM paulista, o de comandante-geral, não poder ser ocupado por uma mulher. A escolha é feita pelo governador do Estado por meio de uma lista em que só podem ser indicados os coronéis homens da ativa. Já em outros Estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a situação é diferente. As carreiras dentro dessas PMs são unificadas. Para Mariana Barros, isto comprova a existência de um preconceito de gênero em São Paulo.

Para o coronel Luiz Eduardo Pesce de Arruda, comandante do Centro de Altos Estudos de Segurança (Caes), o papel feminino cresceu na instituição. “Nós temos quatro mulheres entre os quadros mais altos”, diz. Segundo ele, São Paulo foi o primeiro Estado do País a contar com mulheres no policiamento. A unificação entre os quadros de oficiais deve acabar com as diferenças. “As mudanças exigem análise e estudo.”

Entrevista com Maria Aparecida Lucena, sargento da Polícia Militar

Qual a diferença entre o policiamento feminino e o masculino?

A mulher é menos corrupta e menos agressiva. Nós somos mais compreensivas do que os homens.

Existe discriminação contra mulheres na corporação?

Nos meus 27 anos de Polícia Militar, nunca fui vítima (de discriminação), graças a Deus. É uma questão de postura, de saber se impor. Depende de você.

O fato de uma mulher não poder se tornar comandante-geral não revela preconceito da Polícia Militar?

Tem mulheres competentes. Nós temos coronéis e comandantes ótimas.
Em outros Estados, as mulheres podem chegar ao cargo de comandante-geral.
Eu creio que a mulher está conquistando o seu espaço na Polícia Militar. Isso deve mudar com o tempo.

Durante abordagens nas ruas, já se sentiu vítima de preconceito por parte da população?

Eu nunca tive grandes problemas. Às vezes, tem algumas pessoas folgadas. Mas a maioria respeita a farda, independente do sexo.



Acesse a reportagem: PMs femininas são menos violentas que os homens (O Estado de S. Paulo – 23/05/2010)

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