(Folha de S.Paulo) Editorial publicado pela Folha provocou reação de vários leitores, que enviaram suas manifestações, favoráveis e contrárias, ao Painel do Leitor do jornal. Dentre elas, destacou-se a carta enviada pelo médico Aníbal Faúndes:
“A carta da leitora Elisa Siebert (26/5), que critica a Folha pelo editorial ‘O dilema do aborto’ (Opinião, 25/5), é um exemplo típico da confusão de achar que estar a favor de ampliar os permissivos legais para o aborto no Brasil é estar contra o feto e ‘a favor do aborto’. Nos países onde é legalmente permitido, o aborto não aumentou. Proibir por lei não reduz o número de abortos, e liberalizar a lei não os faz aumentar.
Países como França, Itália e Turquia vêm diminuindo a taxa de aborto por mulheres em idade fértil desde que a lei se tornou mais permissiva. Nos países da Europa Oriental, a taxa de abortos caiu de 90/1.000 para 41/1.000 em oito anos, uma vez que melhorou o acesso aos métodos anticoncepcionais. Essa é a principal intervenção para reduzir os abortos, defendida por todos os que são realmente ‘contra’ e, infelizmente, atacada por pessoas que acreditam estar defendendo o feto.
Punir a mulher que pratica um aborto apenas aumenta a mortalidade e as complicações.Ao fazer um plebiscito sobre o assunto, a pergunta deveria ser: o(a) senhor(a) acha que a sua amiga, conhecida ou parente que interrompeu a gestação deveria ir para a cadeia?
ANÍBAL FAÚNDES, professor titular aposentado de obstetrícia da Unicamp e coordenador do Grupo de Trabalho para a Prevenção do Abortamento Inseguro da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Campinas, SP)”
Leia também: 22/05/2010 – Uma em cada sete brasileiras já fez aborto (Época/Estadão/Folha)
Contato com o autor:
Aníbal Faúndes – médico
Cemicamp (Centro de Pesquisas Materno-Infantis de Campinas)
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