(Inesc, 20/08/2014) A Campanha Reaja ou será Morta, Reaja ou Será Morto, diante da conjuntura de brutalidade, violência, superencarceramento e morte da população negra; diante do confinamento de comunidades inteiras em campos de concentração batizados de UPPs ou Bases de Segurança; diante das remoções forçadas de famílias inteiras para o benefício do capitalismo cujos defensores são os maiores investidores nos chamados jogos internacionais (Copa e Olimpíadas); diante do Estado de exceção constituído por leis que suprimem a própria lei garantindo execuções sumárias e extrajudiciais, prisões sem fundamentos e a barbárie generalizada no espaço urbano militarizado e perigoso para nossas vidas desprotegidas de iniciativas legais, ou submetidas a iniciativas legais de nosso abate; diante de instituições que deveriam garantir a efetivação de direitos que se calam e ajoelham frente aos nossos algozes; diante da nossa eliminação; diante da nossa execração quando mulheres são arrastadas por carros, jovens são amarrados em postes e linchados, suspeitos baleados agonizam em frente a policiais, comunidades inteiras submetidas a uma politica de controle, como se isso não bastasse para comprovar que estamos em uma guerra de genocídio racial; diante do silêncio de parte do movimento social, incluindo de negros e negras que está atrelado aos governo federal e locais que pautam os movimentos sociais com seus garotos de recado constrangidos fazendo seu trabalho em ano eleitoral, ao mesmo tempo em que os governos matam e humilham a população negra, elaborando e apresentando programas ineficazes e sem dotação orçamentaria e mandam seus mediadores e porta-vozes acalmar as vozes das ruas.
Assim, diante do exposto, a Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, em diálogo com irmãos e irmãs em todo território nacional, em diálogo com irmãos e irmãs da Europa e Estados Unidos, da Colômbia e Barcelona, convoca, convida, conclama as organizações negras em particular e as organizações do movimento social, de um modo geral, a tomarem sua voz de volta e REAGIREM. Façamos a II Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro tomando nossa voz de volta, dando um salto de unidade e autonomia, de solidariedade e luta contra o racismo e pela vida.
Esse texto é uma orientação geral quanto aos princípio que animam quem almeja, de verdade, construir essa II Marcha Nacional Contra o genocídio do Povo Negro.
Chamamos todas e todos para essa II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro de forma autônoma, independente e revolucionaria. Eis nossos princípios inegociáveis:
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro tem como tema: A luta Transnacional Contra o Racismo, a Diáspora Negra Contra o Genocídio.
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro reconhece e respeita a autonomia histórica das mulheres negras que tem reagido e resistido a opressão dirigida as nossas comunidades e criado instituições poderosas de luta, solidariedade e humanidade do povo negro em todas os continentes, as mulheres negras são a linha de frente dessa Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro, as coordenadoras e impulsionadoras de nossa ação nas ruas do país;
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro é uma ação política independente e centrada na luta contra o racismo e o genocídio, na qual os negros e negras terão sua vozes para falarem de si próprios, sem mediadores ou acadêmicos bem intencionados para serem porta vozes de nossa luta;
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro deve ser organizada nas bases, nas comunidades, nas favelas e prisões, nos quilombos e aldeias, nas fábricas e nas ruas , nos terreiros de candomblé, nas casas de batuque, de xangôs, de tambor de mina, nas posses e quebradas e devem ter essas coletividades como sujeitos e não como objeto de estudo ou barganha em articulações politicas;
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro repudia o uso eleitoreiro de nossa desgraça seja por qualquer partido ou grupo politico-eleitoral, pois nossas demandas não cabem nas urnas ou em projetos alheios a autonomia preta, pan-africanista e favelada;
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro usará as cores do Panafricanismo e terá caráter internacional na luta negra;
- Fora desses princípios qualquer iniciativa não poderá ser apresentada como II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro sob pena de desafiar nosso repúdio Nacional e Internacional;
- A II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro não terá qualquer vínculo partidário ou eleitoral, e quem assim o fizer estará fazendo outra coisa não a II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro.
Contra o Genocídio do Povo Negro, Nenhum Passo Atrás
Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto.
Seguem abaixo as informações sobre horários e atividades propostas para São Luís, Maranhão:
Recordamos que esta atividade acontecerá em forma de vigília, começando na noite de 21/08 e continuando ao longo do dia 22/08. Estão sendo convidadas comunidades negras das periferias e interiores (quilombolas ou não), movimentos sociais, pastorais sociais, comunidades eclesiais e todos aqueles e aquelas que desejarem unir forças oferecendo a presença solidária e indignada – mesmo que não possam se fazer presentes durante todo o tempo da manifestação.
Quem vai participar enquanto membro de algum movimento, grupo, comunidade etc pode estar confeccionando cartazes e faixas denunciando o racismo, a violência e quaisquer outros tipos de agressão que estejam sofrendo e vendo acontecer impunemente em sua realidade local. Haverá espaço para partilhar experiências, depoimentos, e denunciar em público estas mesmas situações.
Concentração: a partir das 18h30min do dia 21 (próxima 5a feira). os grupos vão chegando e se reunindo espontaneamente.
Exposição local: todos os participantes são convidados a construir o mural em memória das vítimas do racismo, trazendo fotos/imagens de pessoas que foram mortas em nosso país por causa do preconceito racial.
Patronos da Marcha: foram declarados patronos desta marcha: Flaviano (Quilombo do Charco), Cláudia da Silva Ferreira (de Madureira, periferia do Rio, RJ) e Gerô (Quilombo Urbano).
Início da manifestação: às 19h, com debate conduzido por representantes dos seguintes grupos: Moquibom, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Fórum das Comunidades Ameaçadas de Despejo de Paço do Lumiar e Quilombo Urbano.
Vigília: durante a noite haverá apresentações culturais intercaladas com partilhas de experiências das comunidades e grupos presentes.
Durante o dia 22 (6a feira): comunidades e movimentos apresentarão denúncias e depoimentos sobre agressões racistas de que estão sendo vítimas e impunidade por parte do estado.
Acesse no site de origem: Conclamação para a II Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro (Inesc, 20/08/2014)