(G1, 26/09/2014) O candidato a deputado federal pelo PSOL Waldir Pires Bittencourt, de 25 anos, disse que foi agredido com uma pedrada na cabeça por ser gay e defender as causas minoritárias. O ato classificado por ele como uma prática homofóbica teria ocorrido, segundo contou, durante uma panfletagem, no dia 24 de setembro, na Rua Claudomiro de Moraes, no Congós, Zona Sul de Macapá. A agressão foi denunciada na 6ª Delegacia de Polícia Civil do Amapá. O titular, delegado Simas Oliveira, informou que ainda vai tomar conhecimento do caso.
O episódio foi relatado pelo candidato, que trabalha como enfermeiro, na rede social Facebook. Até a publicação desta reportagem, a publicação havia tido mais de mil compartilhamentos, além de ter motivado declarações de repúdio contra a agressão.
Dias antes de ser atingido pela pedra que, segundo Waldir, foi jogada por uma pessoa que estava dentro de um carro que trafegava pelo local, o enfermeiro afirma ter sido insultado nas redes sociais por pessoas que são contra a postura política dele. Um perfil falso com a foto de Waldir foi criado no Facebook para publicar ofensas contra o candidato. “Não vote em um assassino hipócrita que defende o aborto e o casamento de gays”, escreveu o perfil em uma das postagens. Os perfis falsos no Facebook foram denunciados e excluídos pela rede social.
A agressão ganhou repercussão no Facebook também na página “Homofobia Não”, que possui mais de 68 mil seguidores, e tratou com repúdio a violência sofrida pelo enfermeiro. O deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jean Wyllys (Psol), destacou em seu perfil que a “cara molhada com sangue como a de Waldir” é retrato das posturas conservadoras do Brasil.
O senador pelo Amapá Randolfe Rodrigues (Psol) também repudiou a violência. Ele escreveu em seu perfil no Facebook que se solidariza com o companheiro de partido. O parlamentar ressaltou ainda: “Somos contra qualquer ação homofóbica e violenta, todo nosso respeito e apoio ao Waldir”.
O delegado disse que “pelo fato de ser candidato, infelizmente essas agressões tornaram-se comuns entre militantes de partidos”.
“A investigação depende da motivação da vítima, ou seja, se ela quiser, a polícia investiga. Depende do resultado da perícia, em casos assim, quando o autor é identificado pode acarretar em um termo circunstancial com multa ou serviços comunitários”, explicou Simas Oliveira.
Waldir aguarda o laudo do exame de corpo de delito da Polícia Técnico-Científica do Amapá (Politec). O resultado será emitido no prazo de 15 dias, segundo informou o órgão.
“Tudo aconteceu por volta de quatro horas da tarde. Não consegui identificar a pessoa e nem o veículo. Registrei queixa, mas me disseram que esses casos são difíceis para identificar o autor do crime. Quando tudo aconteceu eu fui para casa e eu mesmo fiz o curativo. Foi tudo muito rápido. As ameaças iniciaram bem antes, pois sou o único candidato que defende publicamente as causas gays e de todas as minorias”, frisou Waldir Pires.
Dyepeson Martins
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