(Vermelho, 10/10/2014) A coordenadora da Bancada Feminina da Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) anunciou esta semana, que o colegiado está discutindo o lançamento de candidaturas avulsas para a Presidência da Câmara dos Deputados. Segundo ela, a iniciativa é uma resposta a não aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que garante uma mulher na Mesa Diretora da Casa.
Ao fazer o anúncio, em discurso no Plenário da Casa, a deputada ouviu do presidente da sessão, deputado Amauri Teixeira (PT-BA): “ Ainda bem que Vossa Excelência voltou, para continuar a luta das mulheres e pelas mulheres.”
O lançamento de candidatura avulsa para a Presidência desta Casa tem o propósito, segundo Jô Moraes, “de permitir que toda a Casa, através da nossa plataforma democrática, através da nossa reformulação do Regimento, e não apenas os Líderes ou a Mesa da Casa, possam dar o tom, para que todas nós possamos efetivamente exercitar aqui o poder”.
“Nós vamos nos empoderar, e esta Casa terá que escutar, porque estarão sentadas nestas cadeiras aquelas que têm um ideal e têm como sua bandeira um país de igualdades”, anunciou a deputada, após uma avaliação sobre a participação feminina nas eleições deste ano.
Ela avalia que houve um crescimento da bancada feminina, que saiu de 45 para 51 deputadas, mas considera o crescimento “absolutamente insignificante.” Ela destacou que, neste último período, a bancada feminina, a Procuradoria da Mulher do Senado e a Procuradoria da Mulher da Câmara desenvolveram intensas campanhas, em parceria com a Secretaria Especial da Mulher (SPM), tendo à frente a nossa ministra Eleonora Menicucci, procurando ampliar a participação das mulheres no processo eleitoral.
“Nós intensificamos a atividade para chamar a atenção das mulheres e da sociedade, uma vez que era preciso incorporá-las ao processo político. Chegamos a alcançar uma campanha em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levou a todos os meios de comunicação um apelo para incorporar as mulheres na política”, lembrou.
Palanque para o terno
Para ela, “as mulheres só não alcançaram os palanques, porque aos palanques foi dado o terno. Nós temos esse desafio. Nós não temos condições de imaginar que as estruturas de direção dos partidos políticos continuarão sem que as mulheres tenham uma participação expressiva”, enfatizando que pelas informações recebidas, apenas o seu partido – o PCdoB – e o PT incorporaram aos seus regimentos a obrigatoriedade de mulheres nas suas direções.
“Nós precisamos garantir que as estruturas partidárias incorporem as mulheres nas instâncias de poder, para que elas possam definir prioridades. Nós precisamos garantir que as estruturas partidárias estabeleçam estratégias de acumulação eleitoral, para que a candidata que hoje foi vereadora possa ser prefeita na próxima eleição, possa ser deputada estadual na próxima eleição. É assim que os partidos políticos fazem com as suas lideranças masculinas”, explicou a parlamentar.
Ela também defendeu a reforma política que garanta financiamento público exclusivo de campanha para evitar que se perpetue a situação atual de empresas que priorizam o financiamento dos candidatos homens. E cobrou dos partidos que lutem por uma reforma política democrática, que aprove listas preordenadas com alternância de gênero, para que efetivamente nós alcancemos o empoderamento que as mulheres precisam.
Márcia Xavier
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