(Comunique-se, 06/11/2014) Estigma e discriminação são principais problemas para manter eficiência dos programas contra a doença, segundo diz palestrante em congresso de Saúde na Unicesumar
Segundo o especialista em saúde pública Marcos Maeda, do Futures Group Internacional, nos Estados Unidos, o estigma, a discriminação e a violência de gênero são os principais problemas que impedem a eficiência de muitos programas desenvolvidos para o controle da Aids em países em desenvolvimento. Ele fez essa afirmação nesta quinta-feira (6), no I Congresso Brasileiro de Promoção da Saúde realizado em Maringá (PR) pelo programa de mestrado em Promoção da Saúde da Unicesumar.
Trabalhando como assessor técnico sênior do Health Policy Project (HPP), projeto global que atende 30 países com programas de combate e prevenção da Aids, como também planejamento familiar, saúde materno-infantil e malária, Maeda já acompanhou programas em países da África e da América Latina e disse que é patente a discriminação e o estigma contra pessoas que fazem parte dos grupos de risco.
Segundo o especialista, até há pouco tempo, o estigma e a discriminação sequer eram considerados fatores relevantes em estudos e pesquisas sobre a Aids, mas hoje isso já está sendo levado em conta. “O próprio HPP baseia o seu trabalho no combate à violência de gênero e a discriminação sofrida pelos grupos de risco”, disse ele, ao afirmar que “a experiência norte-americana demonstra que não existe melhor forma de enfrentar a situação da Aids do que buscar o envolvimento da sociedade como um todo”.
De acordo com o especialista, o Brasil tem uma boa estrutura para a prevenção e o tratamento da doença, mas o fator cultural quanto às questões de gênero também impactam os serviços de saúde.
“A Aids é uma epidemia globalizada e as sociedades e os governos não devem deixar de se preocupar e manter políticas constantes de esclarecimento e conscientização da população”, frisou Maeda, ao apontar a preocupação com o retrocesso nos cuidados que está havendo hoje entre os jovens, uma vez que a Aids tornou-se uma doença tratável.
O I Congresso Brasileiro de Promoção da Saúde segue até nesta sexta-feira, na Unicesumar, reunindo cerca de quinhentos participantes de 13 estados, entre profissionais, professores e pesquisadores ligados a 40 instituições de ensino. O tema geral do evento é “Ambiente e Saúde”. Pesquisas também estão sendo apresentadas nos campos: Ambiente na Promoção da Saúde; Tecnologias em Promoção da Saúde; Políticas Públicas em Promoção da Saúde; e Promoção da Saúde no Contexto Empresarial.
“O termo ‘promoção da saúde’ representa um conceito amplo que enfatiza as ações sociais, naturais e pessoais na busca de um bem-estar comum. Desta forma, promover saúde impõe a compreensão da complexidade dos problemas inerentes ao modo de viver de um determinado grupo social. Neste sentido, todos os conceitos e diretrizes oriundos dos estudos das diferentes áreas do conhecimento são indispensáveis para o delineamento de novas estratégias de ações promotoras de saúde. Além disso, todos os conhecimentos gerados no âmbito acadêmico podem, em última instância, ser aproveitados pelas instituições tecnológicas e empresas na geração de produtos direcionados ao mercado promotor de saúde”, concluiu a coordenadora do evento, Sônia Cristina Vermelho.
Valdete São José