(Observatório da Imprensa) Mestre em Comunicação pela UnB, o escritor Washington Araújo comenta a proposta da Associação Nacional de Jornais (ANJ) de criar um conselho de autorregulamentação.
Segundo presidente da ANJ, Judith Brito, a entidade organizará até o final do ano um conselho autônomo, destinado a examinar queixas contra periódicos afiliados e impor eventuais sanções. O objetivo da iniciativa seria reiterar o compromisso da entidade com a liberdade de expressão e com a responsabilidade editorial.
Para o especialista em comunicação, a iniciativa – considerada como “mais que oportuna” pela quase totalidade dos grandes blocos empresariais de comunicação no Brasil – “trouxe ao debate, uma vez mais, a desconcertante existência do monopólio da comunicação no Brasil que avança no século 21”.
“No entanto, ficou patente que é muito mais fácil mudar o curso do Rio São Francisco (… ) que o país democratizar o acesso aos meios de comunicação e transformar o direito de expressão em conquista não de um punhado empresas de comunicação, mas sim uma conquista de sociedade como um todo”, escreve Washington Araújo, que formula em seguida algumas perguntas, a partir do editorial sobre o tema que a Folha de S.Paulo publicou em 23/08/2010:
“Setores autoritários do bloco hoje dominante na política brasileira, o de Lula e Dilma, acenam com um controle `social´ sobre a mídia. Mas como formar um conselho representativo? Como evitar que esse conselho seja dominado pela militância em nome da `sociedade´? Como assegurar que suas decisões sejam `certas´?”, pergunta a Folha. E o escritor continua:
“E não seriam estas mesmíssimas três interrogações que inviabilizam logo de saída o anunciado Conselho de Autorregulamentação a ser indicado pela ANJ? Como formar um conselho representativo se quem o cria representa tão somente um espectro – majoritário, sem dúvida – das empresas de comunicação do Brasil?”
“Como evitar que esse conselho proposto pela ANJ seja dominado exatamente por aqueles que mais se dizem porta-vozes da sociedade, muito embora não tenham recebido qualquer procuração da população para tal, seja por meio de eleições livres e universais, seja através de consultas plebiscitárias?”
Acesse o artigo na íntegra: Autorregulamentação, mais do mesmo, por Washington Araújo (Observatório da Imprensa – 24/08/2010)
Leia também: Jornais terão órgão de autorregulamentação (Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo – 20/08/2010)