(O Globo, 28/12/2014) Presença feminina no ministério de Dilma diminui no 2º mandato. Em 17 anunciados, há duas mulheres; nenhuma no Planalto
Faz quatro anos que, ao tornar-se presidente, Dilma Rousseff se apressou em louvar o simbolismo da eleição de uma mandatária num país historicamente patriarcal. Não tardou a tornar pública a intenção de pôr mulheres no leme de um terço dos ministérios. À época, eram 34; passaram a 39, incluindo secretarias e órgãos com status de primeiro escalão. Nomeou dez ministras; 11, se incluída Graça Foster, ainda número um da Petrobras, que vale mais que muitas pastas. Saltava aos olhos a representação no núcleo duro do governo. Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Helena Chagas (Secretaria de Comunicação) estiveram na tropa de choque do Planalto. E havia Miriam Belchior no Planejamento, Tereza Campello no Desenvolvimento Social, Izabella Teixeira no Meio Ambiente.
No segundo mandato, o compromisso virou pó. Na lista ainda incompleta de futuros ministros (17 até aqui), há duas mulheres, nenhuma no pelotão palaciano. Kátia Abreu desembarca na Agricultura; Nilma Lino Gomes assume a Secretaria de Igualdade Racial. É provável que venham mais três: Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Secretaria de Mulheres. Mas são homens os favoritos para Casa Civil, Meio Ambiente e Cultura, esta que já foi de Ana de Hollanda e Marta Suplicy.
Não se trata de defender cotas para mulheres no comando político do país. Mas se a própria presidente deu as costas à construção da igualdade de gênero, com que se comprometeu espontaneamente no primeiro mandato, resta pouca esperança. A mesma Dilma, que um dia ousou dizer “sim, a mulher pode”, agora está na contramão. Parou por quê? Por que parou?
Acesse no site de origem: Barradas no baile, por Flávia Oliveira (O Globo, 28/12/2014)