(Prensa Latina, 05/01/2015) O Governo do Chile retomará hoje suas atividades com intensidade normal depois dos feriados de fim de ano, com o tema do aborto terapêutico entre as reformas prioritárias que espera adiantar.
A demissão aceita da ministra de Saúde, Helia Molina, devido a seus cometários sobre a dupla moral que existe no Chile em relação ao aborto, não freará de maneira alguma o empenho da administração de Michelle Bachelet neste sentido.
Precisamente uma das futuras protagonistas dos debates, a ministra do Serviço Nacional da Mulher (Sernam), Claudia Pascual, enfatizou que a vontade do Governo é promover a reforma com debate em todos os níveis,
O chamado aborto terapêutico contempla a interrupção da gravidez em casos de violação sexual, quando o feto não possa sobreviver e se a vida da mãe corre perigo. No entanto, o projeto de lei ainda não avançou muito.
“O que está posto no programa de governo é que vamos legislar em torno da questão e esperamos cumprir com o compromisso de enviar o projeto antes de 31 de janeiro”, anunciou Pascual.
A titular se mostrou confiante que conseguirá o apoio de toda a Nova Maioria (a coalizão de partidos atualmente no poder no Chile).
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Chile é um dos cinco países onde está penalizado o aborto terapêutico.
Claudia Pascual admitiu que se trata de um assunto complexo. ” Não queremos impor posições, mas o que também não pode continuar acontecendo é que no Chile não existam mais opções”, explicou.
Segundo fontes da área de saúde, no país austral acontecem anualmente entre 100 mil e 140 mil abortos clandestinos.
Declarações controversas a um meio de imprensa precipitaram a queda da ministra de Saúde, que disse que “em todas as clínicas cuicas (privadas), muitas famílias conservadoras levam suas filhas a abortar”.
O presidente da Comissão de Saúde do Senado, Guido Girardi, enfatizou que o país deve avançar em 2015 com grandes reformas, entre elas a descriminalização do aborto terapêutico.
Temos que continuar com o projeto (…), pensamos que não é bom que o Chile seja um dos poucos países no planeta que não tem uma legislação sobre o assunto e que viva em uma espécie de atraso, quase um obscurantismo, apontou.