(Folha.com) Passados 37 anos do golpe militar no Chile, milhares de mulheres que foram vítimas de estupro na ditadura de Augusto Pinochet romperam o silêncio sobre a violência sexual que sofreram durante o regime. São mulheres que foram violentadas de forma sistemática e generalizada durante a ditadura (1973-1990) e que, por vergonha, pudor e medo, até agora não tinham compartilhado essas experiências.
Reaberta em fevereiro deste ano, a Comissão sobre Prisão Política e Tortura -que em 2005 registrou mais de 28 mil casos de tortura cometidos durante o regime militar- recebeu milhares de testemunhos de presos desaparecidos e vítimas de tortura que irá agora analisar. Entre eles estão os casos de 3.399 mulheres que decidiram romper o silêncio e apresentaram suas denúncias perante a comissão.
“Quase todas foram vítimas de violência sexual e 316 reconheceram ter sido violentadas, segundo dados fornecidos pela Corporação Humanas, um centro de estudos que promove os direitos da mulher e que reivindica que a violência sexual seja considerada uma forma de tortura”, diz a reportagem.
“O que tradicionalmente se relaciona à tortura são as queimaduras e os golpes” porque predomina “um olhar absolutamente machista”, afirmou Carolina Carreras, presidente da Corporação, que defende que “na memória deste país e das atrocidades da ditadura, é necessário aparecer a violência sexual, porque isso nos garante que ela nunca mais ocorra”.
Leia na íntegra: Vítimas de estupro durante a ditadura chilena rompem o silêncio (Folha.com – 10/09/2010)