(Folha de S.Paulo) “Foi há 10 mil anos que o hímen se tornou importante. Essa é a conclusão de Peter Stearns, grande especialista em história sexual da Universidade George Mason (EUA)”, diz a reportagem da Folha, que comenta o livro “História da Sexualidade”, recém-lançado no Brasil.
Na obra, o pesquisador compara a vida de tribos nômades que vivem de caça e coleta com a das primeiras sociedades humanas pós-agricultura e afirma que a possibilidade de juntar patrimônio fez com que os pais resolvessem cuidar da vida sexual das filhas.
O norte-americano explica que os caçadores-coletores tinham fascínio pela sexualidade. Há mais de 10 mil anos atrás, a bissexualidade era uma prática comum. Mas depois que surgiu a possibilidade de acumular patrimônio, as filhas viraram moeda de troca entre famílias. Surgiram então o casamento, o dote e a herança.
Para o autor, a recente urbanização está tendo o efeito contrário. Com o trabalho urbano, herdar terras deixa de ser vital. “Se o pai não podia assegurar herança, havia menos motivos para que os filhos aceitassem plenamente sua autoridade”, diz Stearns. Da mesma forma, o anonimato das grandes cidades possibilitava menor controle sobre a vida alheia. O sexo acompanhou e dominou a cultura, e a virgindade foi perdendo espaço. A homossexualidade passa a ser encarada com mais naturalidade. Com métodos anticoncepcionais eficientes, cresce a procura do sexo pelo prazer e a entrada das mulheres no mercado de trabalho permite que elas se tornem menos dependentes e submissas às ordens paternas.
Para o pesquisador, este é um processo que ainda está acontecendo. Ainda hoje, por exemplo, metade do mundo vive em áreas rurais. “Não sabemos se o mundo todo vai se industrializar. É difícil dizer que o padrão moderno de sexualidade triunfará, apesar de ser tentador dizer que no futuro teremos ainda mais aceitação do sexo pelo prazer”, diz Peter Stearns.
Acesse a matéria: Tabu da virgindade feminina veio com a agricultura, diz cientista (Folha de S.Paulo – 12/09/2010)