(O Globo) Christiane Jalles de Paula, cientista política e professora do CPDOC/FGV, analisa, a partir das publicações do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (DHBB), a participação das mulheres na política brasileira.
Christiane comenta a primeira publicação do DHBB, que considerou o período de 1930 a 1975 para selecionar seu biografados.
“No caso das mulheres que tiveram cargos na política e na imprensa, há um traço comum: todas construíram suas carreiras imbricadas nas carreiras de maridos, pais, irmãos etc. Ou seja, a reprodução do domínio familiar na política foi um dos caminhos para a ascensão das mulheres na cena pública brasileira.”
A cientista política demonstra como este perfil foi mudando, e podemos perceber esta mudanças nas publicações que se seguiram.
“Verifica-se um salto expressivo, passando de 19 para 99 o número de mulheres biografadas, tradução da realidade da redemocratização iniciada em 1985. Das 80 novas biografias, 46 indicam como trampolim para a política a militância em movimentos da sociedade civil e/ou atividades profissionais.”
“Na terceira edição do “DHBB” percebemos que o crescimento da participação das mulheres é consistente. Portanto, é significativo que 173 biografias de mulheres tenham passado a figurar no “DHBB”. Das 74 novas biografadas, 45 tiveram uma trajetória política baseada na militância e/ou atividades profissionais, e 29 construíram suas carreiras políticas com capital político e social familiar.”
No encerramento de sua análise, Christiane volta o olhar para o cenário político atual, tomando como exemplo as eleições de 2010.
“No caso das parlamentares, a solução via política de cotas, que instituiu o patamar mínimo de 30% das vagas dos partidos e das coligações para as mulheres, não produziu ainda o resultado esperado. Mas, sem dúvida, estamos melhorando. O fato de termos duas candidatas à Presidência da República em boas colocações nas pesquisas de intenção de votos é um sinal desse avanço.”
Leia análise na íntegra: As mulheres na política brasileira, por Christiane Jalles de Paula (O Globo – 14/09/10)