(G1, 23/02/2015) Todos os anos, a cerimônia do Oscar é marcada por momentos de humor, mas também de homenagens e discursos intensos. Na edição 2015, os vencedores de algumas das principais categorias aproveitaram a oportunidade em frente ao microfone para amplificar a voz de diversos movimentos de luta por direitos.
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Patricia Arquette recebeu aplausos duplos da plateia. Ao vencer o prêmio de melhor atriz coadjuvante por ‘Boyhood’, ela foi aplaudida por sua atuação como a mãe solteira de Mason e Sheena, mas depois inflamou os espectadores com um intenso discurso em defesa das mulheres da vida real, principalmente das mulheres que são mães.
“A todas as mulheres que deram à luz todo pagador de impostos e cidadão desta nação. Nós temos lutado pelos direitos igualitários de todos os outros. É nossa vez de ter salários iguais de uma vez por todas, e direitos iguais para mulheres nos Estados Unidos da América”, disse ela, após agradecer a uma série de pessoas, entre sua família e colegas de trabalho.
John Legend subiu ao palco ao lado do rapper Common, com quem dividiu o Oscar de melhor canção, “Glory”, pelo filme “Selma”. O longa conta a história da luta do movimento negro, liderada por Martin Luther King nos Estados Unidos.
Os dois músicos dedicaram todo o tempo disponível para seu discurso em defesa dos direitos civis iguais para brancos, negros, mulheres, homossexuais, entre outros.
Common foi o primeiro a falar. “Recentemente, John e eu fomos a Selma [cidade onde se passa o filme] para tocar ‘Glory’ sobre a mesma ponte por onde o Dr. [Martin Luther] King e as pessoas do movimento dos direitos civis marcharam há 50 anos. Essa ponte foi um marco de uma nação dividida, mas hoje é um símbolo de mudança”, começou ele.
“O espírito desta ponte transcende raça, gênero, religião, orientação sexual e status social. O espírito desta ponte conecta o garoto do sul de Chicago, sonhando com uma vida melhor, com o povo na França defendendo sua liberdade de expressão, com as pessoas em Hong Kong protestando por democracia. Essa ponte foi construída em cima da esperança, moldada com compaixão, e elevada pelo amor por todos os seres humanos”, afirmou o rapper, arrancando palmas e lágrimas da plateia.
Em seguida, Legend tomou o microfone e seguiu os passos do colega vencedor do Oscar. “É dever de um artista refletir os tempos em que vivemos. Nós escrevemos essa canção para um filme baseado em eventos de 50 anos atrás, mas nós afirmamos que ‘Selma’ ainda existe porque a luta por justiça existe agora mesmo”, disse.
“Nós sabemos que a lei eleitoral pela qual eles lutaram há 50 anos está comprometida agora mesmo, nesse país, hoje. Nós sabemos que agora mesmo a luta por liberdade e justiça é real. Nós vivemos no país com mais aprisionamentos do mundo. Há mais homens negros sob o controle corretivo hoje do que sob a escravatura em 1850. Quando as pessoas estão marchando com a nossa canção, nós queremos dizer a vocês que estamos com vocês, que vemos vocês, que amamos vocês. E continuem marchando”, concluiu Legend.
Já Eddie Redmayne, novato na lista de indicados ao Oscar de melhor ator, acabou superando Michael Keaton, Steve Carell, Bradley Cooper e Benedict Cumberbatch com sua representação do físico britânico Stephen Hawking em “A teoria de tudo”.
Em seu discurso, ele não se esqueceu de homenagear toda a Família Hawking, além de lembrar dos demais pacientes que vivem com esclerose lateral amiotrófica (ELA ).
“Estou totalmente consciente de que sou um homem sortudo, sortudo… Uau! Isso [esse Oscar] pertence a todos que, em todo o mundo, estão tendo que lidar com ELA. Ele pertence a uma família excepcional: Stephen, Jane, Jonathan e as crianças Hawking”, disse ele.
“E eu serei o cuidador dele. Eu prometo que vou cuidar dele, polir, atender ao seu chamado, fazer tudo por ele.”
Julianne Moore subiu ao palco do Dolby Theater para receber o Oscar de melhor atriz em sua quinta indicação ao prêmio.
Ela finalmente recebeu a estatueta dourada pela intepretação de Alice, uma mulher que sofre de Alzheimer, no longa ‘Para sempre Alice’. Em seu discurso, ela não deixou de lembrar dos esforços para encontrar uma cura para a doença degenerativa.
“Estou muito feliz – emocionada, na verdade – que tenhamos sido capazes de quem sabe brilhar uma luz sobre a doença de Alzheimer. Tantas pessoas com essa doença se sentem isoladas e marginalizadas, e uma das coisas maravilhosas sobre o cinema é que ele nos faz sentir vistos, e não sozinhos. E as pessoas com Alzheimer merecem ser vistas, para que possamos encontrar uma cura”, disse ela.
Nota da redação da Agência Patrícia Galvão – Outro discurso em defesa dos Direitos Humanos que marcou a noite foi de Graham Moore. Vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado por O Jogo da Imitação, Graham defendeu o fim da discriminação contra as diferenças. Confira abaixo:
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