(Brasil Post, 23/02/2015) A diretora do Fundo Monetário Internacional descreveu a igualdade de gêneros como um “imperativo moral” que também ajudaria a produzir uma “economia global mais rentável”. Falando com Arianna Huffington sobre a publicação de um relatório do FMI sobre a força de trabalho feminina, Christine Lagarde disse que a luta pela igualdade de gêneros no local de trabalho é “uma questão moral, um imperativo moral… mas em muitos casos é preciso demonstrar que faz sentido em termos econômicos”, para incentivar sua adoção.
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Lagarde disse que é importante mostrar a políticos e aos setores que traçam as políticas públicas que a igualdade entre homens e mulheres nos locais de trabalho “faz sentido econômico” e pode gerar mais crescimento, além de gerar “uma sociedade mais diversificada”, que poderia ser “muito mais lucrativa, desde o ponto de vista da economia global”.
Intitulado “Fair Play: Mais Leis de Igualdade Reforçam Participação Feminina na Força de Trabalho”, o relatório, lançado na segunda-feira, constatou a existência de correlação estreita entre as restrições aos direitos das mulheres e a baixa participação feminina na força de trabalho, algo que pode ter impacto negativo sobre o PIB de um país.
Falando das razões pelas quais empresas ignoram as evidências de que a igualdade de gêneros favorece a lucratividade, Lagarde disse que é porque inverter a tendência exigiria “uma mudança de processo, e efetuar mudanças sempre é doloroso”. A ex-ministra francesa dos Assuntos Econômicos, que tem 59 anos, acrescentou: “Sempre é muito mais cômodo fazer as coisas como sempre foram feitas, em vez de reconhecer que inovações podem ser benéficas.”
Lagarde argumentou que os países onde a participação feminina na força de trabalho é maior não chegaram a essa situação às custas da força de trabalho masculina. “As sociedades que eliminaram ou reduziram as barreiras legais às mulheres não tiveram um aumento do desemprego masculino”, ela declarou. “O fato de você abrir espaço para as mulheres acessarem o mercado de trabalho e contribuírem para a economia não significa que haverá menos empregos e menos oportunidades para os homens.”
Comentando o acordo recente fechado entre a União Europeia e a Grécia para conservar a Grécia na zona do euro, Lagarde disse a Arianna Huffington que o objetivo principal deve ser “conservar a estabilidade” no país.
“A Grécia precisa passar por reformas muito profundas e às vezes difíceis, reformas que terão que enfrentar lobbies diversos, profissões protegidas, rigidez em vários mercados, e espero profundamente que as novas autoridades gregas apreciem o fato de que o grupo de reformas vai promover potenciais, vai promover a produtividade, porque sem essas reformas, os sacrifícios já feitos não levarão a um crescimento substancial e sustentável.”
Mas Lagarde se negou a discutir a possibilidade de a Grécia sair da zona do euro. “Essa possibilidade não está no horizonte e não está sendo discutida”, ela explicou. “A semana passada foi um momento de convergência em que surgiu uma determinação coletiva de ouvir, de construir confiança e fazer o que for possível para permanecermos juntos. Todos precisam focar sua atenção sobre isso.”
Perguntada se os EUA ou a França terão uma presidente mulher, pela primeira vez, a diretora do FMI respondeu “os Estados Unidos”, dissociando-se de qualquer candidatura futura à presidência francesa.
Paul Vale
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