(Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) Um grupo de estudantes organiza ato contra o texto assinado pelo chanceler da Universidade Mackenzie, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, em que ele afirma ser contrário ao Projeto de Lei nº 122, que criminaliza a prática de homofobia.
O movimento espera reunir cerca de 3.500 pessoas, que já haviam confirmado presença pelo site Facebook. O ato contra o “Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia” acontecerá em uma das entradas do campus da universidade, no centro de São Paulo.
O movimento ganhou ainda mais força com a repercussão das agressões ocorridas contra alguns jovens na avenida Paulista que teria uma motivação homofóbica.
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Após reação na internet e entre seus alunos, a Universidade Presbiteriana Mackenzie retirou de seu site o manifesto contra o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que pretende criminalizar a homofobia.
Assinado pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, o texto, que estaria no site para “servir de orientação à comunidade acadêmica”, declarava que a Igreja Presbiteriana é contra o projeto “por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia” e que “tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais”.
O reverendo Lopes é pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro e exerce o cargo de chanceler do Mackenzie, com a função de zelar pelo cumprimento dos objetivos do Instituto Presbiteriano, que é a entidade mantenedora da universidade.
Em nota divulgada após a retirada do texto do site, a universidade afirma apenas que o pronunciamento contra o PLC é de autoria da Igreja e data de 2007. “O Mackenzie se posiciona contra qualquer tipo de violência e discriminação feitas ao humano, como também se posiciona contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição”, diz a nota.
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) considera “lamentável” a publicação do texto. “No Brasil, só conseguimos resolver a questão da discriminação racial quando se aprovou uma lei criminalizando o racismo. O que queremos com a lei é a possibilidade de punir quem cometer violência contra um GLBT (gay, lésbica, bissexual e travesti). E violência também pode ser verbal”, afirmou Márcio Marins, secretário da ABGLT.
Segundo Gustavo Di Lorenzo, secretário-geral do Diretório Central dos Estudantes do Mackenzie, o DCE considera “um erro” do chanceler “colocar sua opinião como sendo a da universidade”. “O manifesto é contrário ao que pensam os alunos e professores do Mackenzie. O ambiente universitário tem de ser aberto à diversidade”, afirmou.
Acesse:
Estudantes marcam para hoje ato contra texto sobre homofobia (Folha de S.Paulo – 24/11/2010)
Mackenzie publica em site texto que ataca lei anti-homofobia (O Estado de S. Paulo – 18/11/2010)
