(R7, 16/08/2015) Só depois de entrar no “Donas da Rima”, rappers do DF conseguiram mais espaço em festivais
Um grupo de mulheres rappers tem feito sucesso no Distrito Federal. Com letras fortes, elas falam sobre violência doméstica e assumem uma posição de combate ao machismo. Para elas, a mulher precisa de mais espaço em todos os ambientes em que circulam, inclusive no Rap, onde relatam que só após a formação do grupo conseguiram a visibilidade que os homens têm.
Foi pensando em garantir o seu espaço que Julyana Duarte criou o projeto Donas da Rima, no final de 2012, e uniu outras dez garotas com pensamentos semelhantes para mostrar que o machismo ainda existe e chamar a população para combatê-lo.
— A gente queria dar voz às mulheres que fazem parte do mundo do rap e que são esquecidas. O nosso objetivo é deixar que elas falem por elas.
E assim elas têm feito. Por meio da música e da linguagem do Rap, as Donas da Rima mostram o universo feminino em dez videoclipes gravados em diversos cenários da Capital Federal. Desta forma, estão abrindo cada dia mais espaço para as mulheres no Hip Hop e mostrando a que vieram. A rapper Lídia Dállet conta que já sofreu preconceito e, por isso, está feliz em ajudar a acabar com esse tipo de situação.
— A gente queria falar, mas a gente não tinha espaço. Acontece muito de pessoas desligarem o microfone de mulheres em shows de rap.
A produção do DVD das Donas da Rima durou mais de um ano, mas os clipes foram divulgados pouco a pouco com uso de um canal no Youtube. Todo dia 1º do mês, elas liberavam uma nova música para os fãs.
Para realizar o sonho do DVD, Julyana apresentou um projeto para o GDF (Governo do Distrito Federal) e conseguiu verba do Fundo de Amparo à Cultura. Só assim foi possível realizar o trabalho. De imediato, ela organizou uma audição para selecionar as outras meninas que fariam parte do projeto. Só então o grupo ficou completo: Mina Katy, Lidhy7, Lídia Dállet, Júlia Nara, Luana Euzébia, Cleo Street, Vera Verônika, Cris de Souza, Thug Dee e Belladona.
Os critérios para entrar no grupo eram a voz e o contexto social da letra da música. O DVD foi lançado no dia 11 de Julho deste ano e todas são unânimes em dizer que o trabalho ajudou em sua auto-divulgação e as consolidou no mundo hip hop.
Na Casa do Cantador, em Ceilândia, todas são unânimes em dizer que o trabalho ajudou na inclusão das meninas no mundo hip hop. Algumas delas disseram que se trata de um meio muito masculino e desejam que as mulheres passam a ser mais respeitadas. Depois do lançamento do trabalho, elas forma convidadas para participar de diversos eventos.
— [Antes], chegávamos em um show e ficávamos pedindo um lugar para cantar alguns minutos e, na maioria das vezes, quem organiza os shows dá apenas 10 minutos, cinco minutos para as mulheres cantarem — conta a rapper Mina Katy.
Para a rapper Júlia Nara, o machismo existe não só no mundo do Rap e precisa ser discutido na sociedade para que a vida seja, de fato, igualitária entre homens e mulheres. Segundo ela, as mulheres enfrentam preconceito diariamente e as Donas da Rima querem impedir a propagação dessa limitação que se tem por conta do gênero.
— O Machismo existe em todo o lugar. A nossa sociedade é machista. Estamos conquistando espaços e as portas estão se abrindo. Não é que seja mais fácil para homem cantar Rap, especificamente, é que tudo é mais fácil para ele.
A rapper Luana Euzébia conta que hoje, ao invés de pedir o favor para cantar em um show, como era obrigada a fazer antigamente, tem sido convidada a participar dos festivais de Rap.
— A gente sempre chegava em um show pedindo o favor para cantar, agora nós somos convidadas para cantar, a gente nota que tem um respeito maior com as mulheres.
Carol Oliveira e Myrcia Hessen, do R7
Acesse no site de origem: Mulheres do DF usam rap para combater machismo e garantir espaço no meio musical (R7, 16/08/2015)