(UOL Notícias) Ao ser empossada como nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a deputada federal Iriny Lopes (PT-ES) afirmou que vai continuar a dar “tratamento decisivo” no enfrentamento da violência contra a mulher. Durante a cerimônia de transmissão de cargo, Iriny elogiou o mandato de sua antecessora Nilcéa Freire e destacou a importância do engajamento da Secretaria em ações com os movimentos sociais.
“Não estamos começando nada novo, estamos dando continuidade, em um momento em que precisamos aprofundar e em um momento especial em que temos a primeira presidenta do Brasil”, disse a nova ministra, que lembrou o compromisso do governo de Dilma Rousseff com o combate à miséria e citou a feminização da pobreza no Brasil. Segundo ela, erradicar a miséria significa garantir a inclusão econômica da mulher. “É dar a ela a independência e a autonomia que precisa. A presidenta espera de nós esse enfrentamento”, afirmou.
Ainda durante a cerimônia de transmissão de cargo, a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres Nilcéa Freire elogiou a atuação do Conselho Nacional de Direitos da Mulher e de organizações da sociedade civil que, segundo ela, sempre mantiveram uma relação de respeito e autonomia com o órgão. “Tivemos, nesses anos, uma relação fraterna de colaboração, que nos permitiu entrar na história com a Lei Maria da Penha, aprovada com o consenso e com a colaboração da ministra Iriny, que relatou a lei na Comissão de Constituição e Justiça”, destacou a ex-ministra.
Leia a seguir alguns trechos da entrevista da ministra Iriny Lopes à Agência Brasil:
“Nosso objetivo central é fazer com que o pacto da não violência, que é um dos principais programas conduzidos pela Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, seja efetivamente ampliado e que as prefeituras e governos de estados tenham as condições efetivas de aplicação, para que lá na ponta, as mulheres sejam atendidas. Além disso, obviamente, é necessária uma boa articulação com o Judiciário e o Ministério Público no sentido do cumprimento estrito da Lei Maria da Penha para, com isso, efetivarmos no Brasil uma redução da violência praticada contra as mulheres.”
“As políticas do governo já estão expressas pela presidenta Dilma durante a campanha. Será cumprida a lei que garante que as mulheres não serão vítimas de sequelas ou vítimas fatais em função da questão do aborto. A posição da presidenta é uma posição de natureza pessoal que a gente respeita, assim como queremos respeitar todas as posições. Esse é um tema polêmico, em lugar nenhum do mundo ele é tranquilo. São pontos de vista diferentes. Algumas pessoas tratam essa questão a partir das suas convicções religiosas, outros tratam a partir da saúde pública. A minha opinião pessoal é que cabe à mulher decidir. Cabe à mulher decidir se ela está em condições, se ela quer, se ela deseja prosseguir com essa gravidez. Então, eu acho que isso precisa ser respeitado.”
“Eu acho que a eleição da presidente Dilma vai estimular uma participação maior por parte das mulheres. Agora, as mulheres não participam mais por uma ausência de condições objetivas para que elas possam atuar na política. Ainda prevalece no Brasil a ideia de que a administração da casa, a condução da família, a administração da vida escolar e a manutenção e o acompanhamento da vida de saúde dos filhos é obrigação da mulher. Então, a mulher fica presa. No campo das eleições, é muito mais difícil. Eu falo como uma pessoa que já tem estrada. Eu vou assumir a Secretaria de Políticas para as Mulheres mas fui reeleita deputada federal pelo terceiro mandato, sei o quanto é difícil o financiamento de campanhas para mulheres. Nós temos muito mais dificuldade de financiamento do que os homens. Isso precisa ser alterado para que a gente possa ter condições de uma participação equânime na vida política e no empoderamento das mulheres. Entre homens e mulheres essas barreiras precisam cair.”
A Universidade Livre Feminista esteve presente na cerimônia de posse e preparou um vídeo com 9 minutos.
Acesse: Violência contra mulher será enfrentada de forma decisiva, diz nova ministra (UOL Notícias – 03/01/2011)
Leia também: Autonomia econômica é fundamental para diminuir violência contra as mulheres, diz futura ministra (Agência Brasil – 01/01/2011)