(FUNDACENTRO, 08/03/2016) Na ocasião, Fundacentro lança cartilha “Cantada não é elogio”, disponível para download no portal da instituição.
Todos os anos, no dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, o mundo se volta para as conquistas femininas ao logo dos séculos. A data se tornou um símbolo das vitórias das mulheres no século XX e teve origem a partir de suas lutas. A proposta surgiu inicialmente quando mulheres de uma fábrica de tecidos protagonizaram um protesto reivindicando melhores condições de vida e trabalho.
Ao longo do tempo, outros problemas, que ficavam ocultos, passaram a ser levantados. Um deles é o assédio sexual, que vem sendo tema de combate de várias instituições como a Fundacentro, o Metrô e a SP Trans. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, em todo o mundo, 52% das mulheres que são economicamente ativas, já sofreram assédio sexual no trabalho.
Para lembrar as lutas diárias das mulheres, a Fundacentro realizou nessa segunda, dia 7, a palestra “O assédio sexual e a opressão de gênero”, com a advogada trabalhista e fundadora do coletivo feminista Yabá, Isadora Penna.
O presidente substituto, Josué Amador, ressaltou a importância em levantar a questão do assédio sexual e lembrou que é preciso ainda repensar muitos atos. Em seguida, o diretor técnico da Fundacentro, Robson Spinelli, destacou a relevância em pautar o assunto abuso sexual e falou da relação de poder ainda presente na sociedade machista.
“Uma forma de reação é ter a informação para ter formas de defesa”, concluiu Spinelli.
Exploração da mulher
Isadora Penna desenvolve um projeto sobre o assédio sexual do ponto de vista jurídico e afirma que cada mulher tem uma experiência de vida para contar e mesmo com diversas diferenças todas já passaram por situações parecidas.
Para ajudar a entender o atual cenário da mulher na sociedade, Isadora apresentou uma linha cronológica, na qual questionava onde as mulheres se encontram dentro da história: “Resgatar nossa história é resgatar quem somos”.
Ela explica que na sociedade primitiva não existiam classes sociais, os trabalhados eram divididos de forma igualitária, porém com o passar dos anos, o processo histórico de construção social sobre o lugar da mulher na sociedade passou a ser pautado por questões econômicas. Com o surgimento da propriedade privada, “os homens precisavam deixar suas heranças e precisavam ter certeza de que o filho era deles, assim surge o controle sobre o corpo da mulher”.
Outro grande acontecimento histórico foi a Revolução Industrial. Até então as mulheres eram tidas apenas para o trabalho doméstico. Com a revolução, as relações de produção se intensificaram e era preciso mais mão de obra, assim as mulheres entram no mercado de trabalho.
A partir das mobilizações por direitos trabalhistas, chega-se a uma sociedade com mais direitos trabalhistas, mas as mulheres entram nessa sociedade vivendo dupla jornada, além do trabalho fora, a mulher ainda cumpre as responsabilidades da casa, que ainda são destinadas às mulheres. “Hoje, as mulheres trabalham 30% a mais e ganham 30% a menos que os homens, isso sem falar quando se trata de mulheres negras e mulheres trans”, afirma.
Isadora conta ainda que pouca coisa é estudada sobre o assédio no trabalho. Como advogada, destaca que a maior dificuldade para lidar com o assédio é a produção de provas. Nem sempre esse assédio parte de superiores, muitas vezes ele vem também de homens do mesmo nível hierárquico.
Uma forma de avançar nessa questão é a criação de coletivos/órgão organizado por mulheres e para mulheres, para debater o assunto, além de que muitas vezes elas se sentem mais confortáveis em falar sobre o assunto quando estão em um espaço feito para elas.
Cartilha
O evento, coordenado por Cristiane Queiroz, serviu também para o lançamento da cartilha “Cantada não é elogio: campanha contra o assédio sexual e a opressão de gênero”, que foi realizada pela Cissp (Comissão Interna de Saúde do Servidor).
Quem esteve presente recebeu a versão impressa e com ilustrações. O projeto foi criado inicialmente no final do ano de 2015, mas esse ano ele ganhou novo designe. A cartilha serve para alertar e mostrar o que de fato vem a ser o assédio sexual e a opressão e como reagir nessas situações. A versão ilustrada já está disponível para download.
SRTE/SP
Em evento realizado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/SP) “A Mulher e o Mercado de Trabalho – desafios atuais”, também realizado dia 7, as cartilhas da Fundacentro foram distribuídas. O presidente substituto, Josué Amador, esteve presente no evento.
Dica cultural
O filme “As sufragistas”, ainda em cartaz em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, retrata a luta das mulheres inglesas pelo direito ao voto. A história mostra o cotidiano dessas mulheres e, assim, muitas cenas se passam no ambiente de trabalho. Elas sofrem com longas jornadas, salários menores que os homens, adoecimento no trabalho, assédio e violência sexual e tantas outras precariedades pelas quais um grupo decide se rebelar e reivindicar direitos.
Acesse no site de origem: Palestra sobre assédio e opressão de gênero aborda a história das mulheres na sociedade (FUNDACENTRO, 08/03/2016)