(G1/Rio, 30/03/2016) Paciente está internada no Hospital do Carmo, no Centro.
Mielite transversa provoca perda dos movimentos nas pernas.
Especialistas do Rio investigam se mais uma complicação neurológica pode ter sido provocada pelo vírus da zika. Esse caso aconteceu com Valéria de Freitas, de 38 anos, que vive em Itaguaí, na Região Metropolitana, como mostrou o RJTV. Depois de ser diagnosticada com o vírus da zika, a paciente, que está internada no Hospital Nossa Senhora do Carmo, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, contraiu uma doença chamada mielite transversa — uma infecção da medula que provoca a perda dos movimentos das pernas.
Segundo parentes, a paciente teve os primeiros sintomas do vírus no dia 24 de fevereiro: fortes dores nas juntas, no punho, nos tornozelos e febre baixa. No dia 28, ela amanheceu com o corpo cheio de manchas e foi levada para o Hospital Cemeru, em Itaguaí.
“Foi um grande susto. Uma pessoa que é ativa como ela, que faz academia e tem boa alimentação perdeu, de repente, o movimento das pernas até ficar nesta situação” contou Flávio da Rocha, marido de Valéria.
De acordo com o marido, o médico que atendeu a Valéria receitou um remédio para controlar a febre e um antialérgico, porque ela tinha coceira. No exame de sangue para dengue, o número de plaquetas estava normal. Este diagnóstico foi descartado. Mas, com uma avaliação clínica, os médicos confirmaram que ela tinha o vírus da zika.
Dias depois, os sintomas de dormência e perda de movimentos nas pernas começaram a aparecer. A família afirma que voltou ao hospital e o diagnóstico foi alterado para infecção urinária.
“A Valéria já estava melhorando do quadro da zika e ela começou a sentir dormência nos pés. Essa dormência foi evoluindo”, explicou Vanessa de Freitas, irmã de Valéria.
Ela continuou piorando e foi levada para uma segunda unidade do Cemeru, já de cadeira de rodas.
“Depois que a gente passou pelo primeiro diagnóstico, que era de infecção urinária, que não era realmente, nós partimos para o segundo hospital. O primeiro atendimento eles foram rápidos, até porque ela já estava sem o movimento dos membros inferiores, não conseguia andar mesmo com o auxílio de uma pessoa. Usava cadeira de rodas”, contou Vanessa.
Ela foi tratada com antibióticos. O diagnóstico da mielite transversa só surgiu no terceiro hospital, o Nossa Senhora do Carmo.
Apesar de Valéria ter sido diagnosticada clinicamente com o vírus da zika, o hospital onde ela tá internada agora diz que a sorologia pra doença deu negativo. E que não é possível dizer que a mielite foi provocada pelo vírus da zika.
O professor de infectologia da UFRJ, Edimilson Migowski, tem outra opinião. Ele analisou o prontuário da paciente e diz que o caso dela pode ser, sim, a primeira confirmação de confirmação de mielite transversa causada pelo vírus da zika no Brasil. Esta seria mais uma possível complicação neurológica causada pelo vírus.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, no período de 1º de janeiro a 29 de março deste ano foram notificados 4.289 casos suspeitos de vírus da zika Estado do Rio de Janeiro, sem nenhum óbito.
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