(Jconline, 30/04/2016) Pesquisa realizada no Hospital da Restauração identificou pacientes com encefalomielite após terem tido zika.
Mais uma doença neurológica está relacionada ao vírus zika, segundo pesquisa realizada com pacientes no Hospital da Restauração (HR), localizado no Derby, área central do Recife. A encefalomielite aguda disseminada, uma infecção que acomete o sistema nervoso central e que pode provocar sequelas definitivas em 20% a 30% dos casos, foi diagnosticada em oito pacientes atendidos na unidade de saúde. Antes eles tiveram zika. O estudo foi um dos 14 trabalhos selecionados em todo o mundo para ser apresentado em um congresso da Academia Americana de Neurologia, realizado duas semanas atrás em Vancouver, no Canadá.
Chefe do setor de neurologia do HR e coordenadora da pesquisa, a médica Lúcia Brito diz que mais 172 pacientes tiveram manifestações neurológicas após serem diagnosticados com arbovirose (zika, chicungunha ou dengue). Pelo menos três doenças foram identificadas: Síndrome de Guillain-Barré, encefalite (inflamação que atinge o cérebro) ou mielite (inflamação na medula). A Guillain-Barré acometeu 60 pessoas atendidas no HR (das quais nove morreram). As outras duas enfermidades atingiram 22 pacientes, sem óbito.
A pesquisa começou em março do ano passado. Dos oito casos de encefalomielite, um foi em uma criança. Nenhum desses pacientes permanece internado no HR, mas todos estão sendo acompanhados pela equipe de neurologistas do hospital, que criou um ambulatório específico para atendê-los às sextas-feiras. Entre os sintomas que levaram os médicos a identificar a doença neurológica nesse grupo estão agitação, desorientação, alucinação, convulsão e déficit motor. Lesões no cérebro, observadas a partir de imagens de ressonância magnética, ajudaram a confirmar a encefalomielite.
“O vírus da zika pode ter se replicado dentro do sistema nervoso central ou pode ter desencadeado um processo inflamatório autoimune. Não temos ainda essa resposta”, destaca Lúcia Brito. A partir da próxima semana, conforme a médica, alguns pacientes deverão passar por novos testes laboratoriais para ver o mecanismo de ação do zika vírus. Também para fazer uma correlação entre os casos e os resultados dos exames.
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