(Marina Pita / Agência Patrícia Galvão, 05/05/2016) O portal de notícias R7 publicou na internet um vídeo de utilidade pública com o objetivo de responder as principais dúvidas das mulheres neste momento de emergência de saúde pública global por conta da má formação em fetos relacionada à epidemia do zika vírus. As informações de saúde estão bem completas e corretas.
O vídeo esclarece, por exemplo, que a síndrome congênita do zika pode ir bem além da microcefalia. Apesar de os profissionais de saúde não utilizarem o termo que vem sendo cunhado para o caso de má formações decorrentes da contração da infecção por zika durante a gravidez – síndrome congênita do zika –cita várias das demais alterações na formação do feto, como calcificações, hidrocefalia, enrijecimento das articulações, cegueira, surdez, entre outras.
Mesmo na melhor das intenções, no entanto, a reportagem de R7 pode levar a conclusões precipitadas e colocar algumas gestantes sob risco. Ainda restam dúvidas sobre os riscos envolvidos na contração da zika em cada etapa da gestação. Por isso, ainda é precipitado dizer que há fase de maior risco. A ciência ainda não bateu o martelo e o melhor é estimular a prevenção.
A reportagem infelizmente faz apenas a abordagem individual de responsabilidade do controle do vetor. Claro que cada pessoa tem responsabilidade em cuidar do acúmulo de água parada em áreas de sua propriedade. No entanto, é importante salientar que a coleta de esgoto, coleta de resíduos sólidos e oferta de água corrente são fundamentais para impedir a proliferação do aedes aegypti.
O vídeo também indica que as mulheres cubram o corpo com roupas longas e para postergar a gravidez. Ou seja, cabe à mulher abrir mão de seu direito ao planejamento reprodutivo e ao próprio corpo, sem que nem uma vírgula seja dita sobre como estas indicações podem ser violências à mulher.
No caso da amamentação, as explicações do vídeo são confusas. As mães que já tiveram zika devem seguir amamentando e isto está dito no vídeo. Na sequência, porém, ao apresentar as dúvidas da ciência quanto à amamentação durante a fase aguda da infecção, o conteúdo pode mais complicar as orientações à gestante do que ajudar. Por fim, o trecho acerca da amamentação termina com: consulte seu médico.
Assista ao vídeo abaixo: