(Valor, 04/06/2016) Bispos acusados de negligência ante casos de “abusos sexuais contra menores” poderão ser destituídos, de acordo com um novo decreto que o papa Francisco divulgou neste sábado, e que foi incorporado ao direito canônico, conjunto de regras internas da Igreja Católica. “Com a presente, quero precisar que entre as chamadas ‘causas graves’ se inclui a negligência dos bispos no exercício de suas funções, em particular no que diz respeito aos casos de abusos sexuais contra menores e adultos vulneráveis”, escreveu Francisco. O papa também anunciou a criação de um colégio de juristas que o auxiliarão antes de confirmar a destituição de um bispo, afirma um comunicado divulgado pelo porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi.
Na Carta Apostólica com o título “Como uma Mãe Amorosa”, o papa afirma que a Igreja “ama todos os seus filhos, mas cuida e protege com especial afeto dos mais frágeis e sem defesa”.
Portanto, acrescenta o pontífice, seus pastores, e sobretudo seus bispos, devem “mostrar uma diligência especial na proteção dos mais frágeis”.
O papa Francisco pediu em várias ocasiões a punição severa dos culpados de abusos sexuais contra menores e tolerância zero com esta “tragédia”.
Ele afirmou diversas vezes que os bispos que protegem pedófilos devem renunciar. E criou no Vaticano uma instância judicial para julgar estas pessoas.
Desde 2001 o Vaticano emitiu instruções firmes às igrejas de todo o mundo, como a colaboração automática com a justiça e a suspensão dos padres acusados, mas as associações de vítimas consideram que a conspiração do silêncio continua sendo tolerada nas esferas mais elevadas.
(Folhapress)
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