(O Paraná, 28/06/2016) O professor de Matemática Shigui Ruan, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, desenvolveu um modelo científico para abordar as várias formas de transmissão do Zika Vírus. O estudo, publicado no último dia 17 na seção Scientific Reports do site especializado Nature.com, diz que o controle do mosquito deve permanecer como o método mais eficiente de combate ao vírus. A pesquisa ainda revela que relações sexuais aumentam o risco de infecção pelo zika e prolonga o surto.
Um modelo matemático desenvolvido pelo pesquisador tenta dimensionar o papel da relação sexual na transmissão e no controle do vírus. Tal modelo não pretende medir o índice de transmissão do zika, mas delinear os possíveis caminhos do vírus e ajudar a determinar qual dessas rotas de transmissão, sejam elas sexuais ou não, é a mais importante na investigação do seu controle.
“O zika é um vírus complicado. Não é tão simples como enfrentar uma gripe atrás da outra”, diz Ruan.
Para construir o modelo, ele e sua equipe combinaram duas formas de transmissão em uma série de equações e, em seguida, calibraram o resultado com as taxas epidemiológicas do zika, obtidas através da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, na Colômbia e em El Salvador. Usando fatores como os índices de picada e de mortalidade do Aedes aegypti eo quanto parceiros se protegem durante o sexo, os pesquisadores chegaram ao que eles chamaram de “número básico de reprodução”, que é o número de infecções resultantes de uma infecção inicial em uma população.
A equipe descobriu que o número médio de novas infecções que podem ser ligados diretamente a um único caso de Zika é de 2% e que a transmisão por via sexual é responsável por apenas 3% dos novos casos.
“Nossa análise indica que a reprodução básica do zika é mais sensível às taxas de mordida e mortalidade do mosquito e que a relação sexual aumenta o risco de infecção, o tamanho da epidemia e prolonga seu surto”, comenta Ruan.
O modelo pode dar a epidemiologistas uma boa ideia de onde eles devem concentrar seus esforços.
“Neste caso, a medição do controle do mosquito deve permanecer como a estratégia mais importante de combate ao vírus”, diz o pesquisador.
Ele reforça que o sexo com proteção ainda assim é importante.
“É uma razão para se preocupar porque, no topo de fatores de transmissão do mosquito, há a transmissão sexual do vírus”, explica Ruan, citando casos de transmissão sexual do zika na Argentina, no Chile, no Peru e nos Estados Unidos, entre outros países.
Segundo o Centro de COntrole e Prevenção de Doenças, o zika vírus pode permanecer no sêmen por mais tempo do que no sangue, apesar de não se saber ainda por quanto tempo.
“Você pode ter uma pessoa hipotética que foi infectada, mas não necessariamente sabe. E essa pessoa vai carregar o vírus por um tempo, ter relações sexuais e infectar outra pessoa”, diz Chris Cosner, também professor de Matemática da Universidade de Miami que colacorou com Ruan.”Não sei se isso foi documentado. Mas, possivelmente, em teoria, isso poderia resultar numa fonte para um surto que parece vir de um lugar desconhecido. Então, essa doença em particular, por causa da complexidade das suas rotas de transmissão e do fato que algumas pessoas podem permanecer na fase infectada por um longo tempo, é mais conplicada do que doenças regulares”.
Acesse o site de origem: Transmissão sexual pode ser mais perigosa que mosquito (O Paraná, 28/06/2016)