Conquistar Objetivo número 5 de Desenvolvimento Sustentável relacionado à igualdade de gênero tem desafios legais e práticos, apontam especialistas. América Latina e Caribe são uma das regiões em desenvolvimento com maior percentual de mulheres em cargos de gerência.
(Rádio ONU, 31/08/2016 – acesse no site de origem)
As mulheres latino-americanas superaram os homens em termos educacionais. Segundo dados do Banco Mundial, há 7% mais mulheres que homens nas escolas secundárias e 30% mais no ensino superior.
Mas essa vantagem se reflete apenas parcialmente no mercado de trabalho regional.
Empresas
Em comparação com outras regiões em desenvolvimento, América Latina e Caribe são uma área com mais participação da mulher em papéis de gerência.
Dados analisados pelo Banco Mundial entre 2010 e 2016 revelam que 39,8% das empresas da região têm uma mulher entre os donos, por exemplo. O percentual só é menor do que os do Leste da Ásia e Pacífico e da Europa do Leste e Ásia Central.
Por outro lado, a participação laboral da mulher nos 10 primeiros anos da década de 2000, quando a América Latina viveu alto crescimento econômico, aumentou apenas três pontos percentuais.
Evolução
Foi uma evolução tímida comparada com a que houve nos anos 1990. Nesse período, o percentual de mulheres que trabalhavam ou estavam ativamente buscando emprego passou de 53% a 62%, de acordo com o Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais da Universidad de La Plata, da Argentina.
As discrepâncias no mercado de trabalho não só da América Latina, mas de todo o mundo, estão entre os alvos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5, das Nações Unidas.
O ODS 5 busca a igualdade entre os gêneros e o empoderamento de todas as mulheres na vida econômica, política e pública.
Contratação
Conquistar tais objetivos até 2030 promete ser um grande desafio não só do ponto de vista legal, mas também prático.
Em 60% de todos os países, falta legislação que garanta oportunidades iguais na hora da contratação, pagamento igual para tarefas com o mesmo valor e a chance de a mulher fazer o mesmo trabalho que o homem. E mais: 83% das empresas do mundo têm um homem como principal gerente.
Outro obstáculo está na questão da licença-maternidade. Embora quase todos os países deem esse direito às trabalhadoras, cerca de metade não garante que elas mantenham o cargo ao voltar ao trabalho.
Tudo isso faz com que as mulheres tenham oportunidades econômicas limitadas, o que atrasa o desenvolvimento, como informa o Banco Mundial no estudo Indicadores de Desenvolvimento Global 2016.
Em compensação, quando a mulher tem acesso a meios produtivos, ela conquista também uma forma de sair da pobreza, segundo a instituição.
Mariana Ceratti, de Brasília, para a Rádio ONU.*
*Reportagem do Banco Mundial Brasil.