Número de eleitas cai e mulheres perdem representação política

04 de outubro, 2016

Mesmo num ano em que a discussão sobre a violência e a igualdade de gênero ganharam maior projeção no Brasil, o resultado da eleição deste domingo (2) aponta que as mulheres perderam representatividade entre os políticos eleitos.

(Folha de S.Paulo, 04/10/2016 – acesse no site de origem)

Das 5.509 cidades com eleição definida no primeiro turno, apenas 639 terão prefeitas a partir do ano que vem, um índice de 11,6%.

Nas últimas eleições, em 2012, 663 mulheres foram escolhidas para administrar cidades do país, 11,9% do total.

De acordo com o último Censo do IBGE, as mulheres representam 51% da população do Brasil.

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Eleitores renovam um terço da Câmara no Rio; mulheres continuam de fora (Agência Brasil, 03/10/2016)

A situação da representatividade feminina fica ainda pior se for considerado o número de mulheres que disputaram a eleição para prefeito, que foi praticamente o mesmo nas duas eleições: 2.032 em 2012 e 2.039 neste ano.

A conta considera apenas candidaturas aprovadas ou pendente de julgamento –parte das mulheres são inscritas pelos partidos apenas para cumprir no papel a cota legal de 30%, mas seus nomes acabam não indo às urnas.

O índice de mulheres eleitas em relação às que disputaram, portanto, caiu de 32,6% há quatro anos para 31,3% agora.

A falta de recursos –dinheiro, apoio político e tempo na TV– é um dos principais motivos para a baixa participação feminina entre os candidatos e entre os eleitos, segundo pesquisadores do tema.

Levantamento da Folha apontou que os partidos destinaram proporcionalmente 30% mais recursos os homens em relação ao que foi repassado às mulheres.

ESTADOS

Em alguns Estados do país, o percentual de mulheres eleitas em relação ao total é maior. Todos, porém, ficam abaixo de 30%.

A maior representatividade proporcional é no Rio Grande do Norte, em que 28% das prefeituras ficaram com mulheres. Em seguida, estão Roraima (27%), Alagoas (21%), Amapá (20%) e Maranhão (19%).

Em situação oposta, com o menor percentual de mulheres eleitas, está o Espírito Santo, onde somente 5% das administrações serão comandadas por mulheres no ano que vem.

Em seguida estão Rio Grande do Sul (6%), Minas Gerais (7,3%), Paraná (7,4%) e Amazonas (8,2%).

Nas capitais, oito prefeitos foram eleitos no primeiro turno. Entre eles, apenas uma é mulher: Teresa Surita, do PMDB, eleita em Boa Vista (RR).

A maior cidade que será governada por uma mulher é Pelotas (RS), onde Paula Mascarenhas (PSDB) foi eleita com 60% dos votos.

Em 55 cidades a eleição será definida apenas no segundo turno e em quatro todos os candidatos têm pendências com a Justiça Eleitoral, por isso seus votos ainda constam como nulos.

Sete mulheres concorrem nessas cidades onde a eleição ainda está indefinida. Mesmo no melhor cenário, em que todas que estão disputando vençam, o número de prefeitas em 2017 chegará no máximo a 648 –redução de 2% em relação a 2012.

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