O grupo 50 Anos de Feminismo (FFLCH/USP) convida para dois simpósios temáticos no Seminário Internacional Fazendo Gênero/ Women’s Worlds Congress, a acontecer em jul/ago de 2017 na Universidade Federal de Santa Catarina.
As inscrições vão até 17/12/2016.
Veja abaixo os simpósios temáticos:
50 anos de feminismo (1965- 2015): novos paradigmas, desafios futuros na América Latina
Coordenadoras/es: Eva Alterman Blay (Universidade de São Paulo), Lucia Merces de Avelar (Universidade Estadual de Campinas)
LINK: 50 anos de feminismo (1965- 2015): novos paradigmas, desafios futuros na América Latina
Resumo: O objetivo do Simpósio Temático é comparar os processos de transformação da condição de gênero em países latino-americanos, sobretudo os que iniciaram o século XXI elegendo mulheres para a presidência da República. Que mudanças os movimentos feministas latino-americanos conduziram no campo do trabalho, da educação, da estrutura da família, da política e no uso das mídias escritas, visuais e digitais? Qual foi o papel das mulheres na superação dos períodos ditatoriais? Após a redemocratização, como contribuíram na construção de novos paradigmas culturais, na incorporação de novas tecnologias, como a virtual? O que dizer dos velhos e novos conflitos entre os movimentos sociais? Foram necessários anos de mudanças progressivas, o passado resistindo em confronto com o presente. Os movimentos de mulheres latino-americanos são dos mais destacados nos círculos internacionais, e se articulam em múltiplas formas de associativismo, das organizações identitárias às redes multi-identitárias. Antes mesmo do aprofundamento no debate teórico – essencialismo versus diferença –, enfrentaram a tarefa urgente de reconquistar a democracia e a ampla cidadania das mulheres. Essa passou a ser uma tarefa primordial, mesmo que não exclusiva, do movimento feminista. O ST busca reunir esforços intelectuais que ofereçam subsídios e elementos para a compreensão das especificidades dos feminismos em cada país e de seu impacto nos mais variados campos. Acolheremos trabalhos que comparem avanços e recuos em três eixos: 1) O impacto dos feminismos nas políticas públicas; 2) O impacto dos feminismos na legislação voltada à ampliação dos direitos políticos das mulheres; 3) A trajetória de construção das mulheres como atores políticos democráticos. Serão priorizadas comunicações orais sobre múltiplas formas de opressão, análises interseccionais de políticas públicas de promoção de gênero, estratégias e espaços de participação e representação, e sobre os mandatos das mulheres que ocuparam a presidência no período democrático.
Pode o feminismo ser estatal? Reflexões sobre feminismo de Estado e institucionalismo feminista
Coordenadoras/es: Mariano J. Magalhaes (Augustana College), Patricia Duarte Rangel (Universidade de São Paulo)
LINK: Pode o feminismo ser estatal? Reflexões sobre feminismo de Estado e institucionalismo feminista
Resumo: Nos últimos anos, testemunhamos uma profícua produção intelectual sobre Feminismo Estatal ou Feminismo de Estado, comumente entendidos como o ativismo dos movimentos de mulheres dentro do Estado (Lovenduski 2005); como um feminismo institucionalizado em agências públicas (Eisenstein 1990, Lovenduski 2005); como características das as agências de políticas para mulheres (Mcbride & Mazur 2010); como as atividades de femocratas no governo e na administração pública” (Sawer 1990); ou a conexão entre movimentos de mulheres (incluindo os feminismos), agências de políticas para mulheres e o estado, dentro de uma relação conceitual particular (Scheidegger 2014). Todos fazem referência à conquista de espaços institucionais dentro do aparato do Estado e ao estabelecimento de instâncias especializadas em políticas de igualdade de gênero, mas não são termos pacíficos na literatura e nas políticas públicas de gênero. As noções mais comuns foram amplamente utilizadas em contextos europeus nas décadas de 1980 e 1990 e, hoje, são consideradas superadas nesses países. Na América Latina, o conceito não é exatamente popular, visto que a maior parte dos estudos sobre feminismo estatal e sobre a ação das agências de políticas para mulheres (Baudino, 2005; Kamenitsa & Geissel, 2005; Köpl, 2005; Lovenduski, 2008, 2005; Mazur, 2005; Meier, 2005; Parry, 2005, entre muitas outras) foca nas democracias ocidentais pós-industriais, como exemplificado pelo mais reconhecido e sólido projeto sobre o tema: a Research Network on Gender Politics and the State – RNGS. Uma série de autoras e autores vêm se debruçando sobre a questão, chegando a diferentes conclusões em contextos políticos e sociais distintos que, aparentemente, não são generalizáveis. Desta forma, parece ser necessário estender a compreensão do tema. No espírito da iniciativa Going Global With State Feminism, formada por jovens pesquisadores inspirados pela RNGS, o Simpósio Temático articulará trabalhos que aprofundem ou problematizem o tradicional modelo de Feminismo Estatal, tentando ampliar os limites do conceito, de seu quadro analítico e arcabouço metodológico. Nesse sentido, a coordenação focará na seguinte pergunta: pode o feminismo ser estatal? Priorizará estudos de caso e analises comparadas.