(Folha de S.Paulo) Quatro índias da etnia mura relatam terem sofrido abuso sexual há cerca de seis anos por turistas norte-americanos em excursões de pesca em rios da Amazônia. Segundo elas, os turistas eram brancos, tinham mais de 40 anos, bebiam e as forçavam a fazer sexo.
Envergonhadas e com medo de serem discriminadas, as quatro deixaram a aldeia – na zona rural de Autazes, cidade ribeirinha a 118 km de Manaus – onde o tema abuso sexual é tabu.
O caso foi revelado após a publicação de uma reportagem do jornal “The New York Times” sobre investigação pela Justiça do Estado da Geórgia (EUA) sobre a empresa de turismo norte-americana Wet-A-Line Tours sob suspeita de explorar o turismo sexual no Brasil. O Ministério Público do Amazonas ingressou com ação contra o proprietário da empresa por abuso sexual e incentivo à prostituição.
Vivendo em extrema pobreza, em palafitas na periferia da cidade, as jovens sobrevivem graças a programas sociais.
Segundo a Polícia Federal, mais de 15 meninas de aldeias de Autazes foram aliciadas com a promessa de trabalho e salário em dólar. A maioria delas tinha menos de 18 anos na época.
Uma das jovens tinha 15 anos quando foi chamada para ser ajudante de cozinha em um dos barcos da Santana Turismo Ecológico. “Estava na cozinha quando eles me chamaram para o quarto. Fiquei nervosa, com medo. Voltei quatro vezes para o quarto, cada vez com um homem diferente. Era contra a minha vontade. Meu sentimento foi de nojo.”
Um dos episódios descritos no processo é o estupro de uma menina de 12 anos, anonimamente chamada de “C”. “A bordo do barco, um funcionário do réu levou “C” e outras meninas para a cabine onde o réu dormia. Ele acordou e começou a bolinar “C”. Quando ela rejeitou suas avançadas, o réu a forçou a fazer sexo com ele.”
Leia essa reportagem na íntegra:
Só restou o medo / E., 22: Tenho receio do que possam fazer comigo / R., 25: O que ocorreu quebrou todos os meus sonhos (Folha de S.Paulo – 17/07/2011)
Procura era por menores de 16 anos, diz processo (Folha de S.Paulo – 17/07/2011)
Outro lado: Denúncias são improcedentes, afirmam advogados de acusados (Folha de S.Paulo – 17/07/2011)