No Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, ONU Mulheres Brasil ganha o reforço da atriz, escritora e roteirista para defender o direito das afro-brasileiras viverem sem racismo, violência e violação de direitos. Kenia se soma ao grupo de mulheres públicas, composto pela embaixadora da ONU Mulheres Brasil, Camila Pitanga, e pela defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência, Juliana Paes, em atuação pela igualdade de gênero no Brasil
(ONU Mulheres, 21/03/2017 – acesse no site de origem)
No Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, a ONU Mulheres Brasil anuncia a nomeação da atriz, escritora e roteirista Kenia Maria como Defensora dos Direitos das Mulheres Negras, em apoio à Década Internacional de Afrodesdescendentes (2015-2024) e à iniciativa global Por um Planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero no marco da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
Leia mais: Jurema Werneck responde a 5 perguntas sobre discriminação racial (Anistia Internacional, 21/03/2017)
“É uma grande satisfação para a ONU Mulheres Brasil receber o voluntariado de Kenia Maria, cuja trajetória de vida tem sido marcada pela valorização da cultura e da arte negra em contraponto ao racismo e às desigualdades de gênero. Kenia tem se dedicado à literatura negra infantil e à defesa das religiões de matriz africana, o que agregará aos debates sobre os direitos das mulheres negras durante a Década Internacional de Afrodescendentes e as ações para acelerar a igualdade de gênero no Brasil em apoio à iniciativa global da ONU Mulheres Planeta 50-50 com paridade de gênero em 2030”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
Na sua primeira declaração como Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, Kenia Maria, diz: “Sinto uma enorme alegria e satisfação em saber que a ONU Mulheres, juntamente com a Década Internacional de Afrodescendentes das Nações Unidas, tem, em sua agenda estratégica, o objetivo de mobilizar a sociedade para que a enorme demanda das mulheres negras seja ouvida. Tenho fortes razões para acreditar que mudanças estão por vir, e para mim é uma honra ser uma das defensoras desta causa. Na verdade o nosso pedido é muito simples. Queremos apenas que a sociedade nos trate como humanas. Só isso”.
Kenia Maria, ainda, aponta, ainda:“trazer o debate das mulheres negras para o dia a dia da sociedade brasileira é uma das nossas emergências. Estamos gritando através de várias vozes femininas negras, de diferentes setores, idades e histórias, que somos muitas e que necessitamos ser ouvidas”.
Racismo e sexismo – As mulheres negras no Brasil são 55,6 milhões, chefiam 41,1% das famílias negras e recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas, de acordo com os dados de 2015 extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. Em cada três mulheres presas, duas são negras num total de 37, 8 mil detentas – quantidade que se elevou em 545%, entre 2000 e 2015, de acordo o Infopen Mulher. E entre 2003 a 2013, houve um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres enquanto houve redução em 10% na quantidade de assassinatos de mulheres brancas. No quadro diretivo das maiores empresas no Brasil, as negras são apenas 0,4% das executivas – apenas duas num total de 548 executivos e executivas.
Em atenção à situação das afro-brasileiras, a ONU Mulheres Brasil está desenvolvendo a estratégia “Mulheres Negras rumo a um Planeta 50-50 em 2030”, articulando compromissos nacionais com a iniciativa global o Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021, que adota como diretriz o enfrentamento ao racismo e a eliminação das desigualdades de gênero no País.
O instrumento apoia o desenvolvimento de políticas públicas por meio da cooperação técnica da ONU Brasil como o governo brasileiro, além de ações com empresas e universidades, como estabelecem o Plano de Ação de Durban e o Plano de Ação de Pequim. “A importância das parcerias é fundamental para que de fato a ação tenha volume e promova transformações na vida das mulheres negras brasileiras”, considera Ana Carolina Querino, gerente de Programas da ONU Mulheres Brasil.
Em 2015, a ONU Mulheres apoiou a realização da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver. Na ocasião, a Subsecretária Geral da ONU e Diretora Executiva da ONU Mulheres, a sul-africana Phumzile Mlambo-Ngcuka, presente à manifestação de 2015, declarou: “No meu país, na África do Sul, as mulheres são fortes e poderosas. E vejo que aqui no Brasil mulheres negras poderosas e fortes. Na África do Sul, as mulheres estavam à frente na luta contra o apartheid. E aqui no Brasil, as mulheres negras estão à frente da luta contra o racismo”.
Mulheres públicas pela igualdade de gênero – Kenia Maria, Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, se soma ao grupo de mulheres públicas em favor da igualdade de gênero no Brasil, composto por Juliana Paes, Defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres Brasil.