Criminalização do aborto no Brasil sujeita mulheres à situação precária de clínicas clandestinas

24 de abril, 2017

Era uma quarta-feira como qualquer outra, exceto para Leila. Naquele dia, ela entrou no consultório do doutor N. e, aos 22 anos, estava decidida a fazer um aborto. Grávida de 16 semanas, foi a uma consulta na clínica no dia anterior e o médico disse que o feto deveria ser retirado o mais rápido possível, por causa do tempo de gestação. O ginecologista a atendeu em uma sala precária, separada do consultório. A cama era forrada com jornal e Leila se manteve consciente ao longo de todo o procedimento  realizado com anestesia local. Teve pavor de ter alguma infecção, caso um dos instrumentos cirúrgicos caíssem nos jornais e seguissem sendo utilizados. Isso aconteceu há 30 anos. Mas essa realidade ainda é presente em clínicas clandestinas de aborto no Brasil, sustentada por uma legislação conservadora, que muito pouco se modificou, apesar da crescente demanda de mulheres que querem colocar o assunto em pauta nas últimas décadas.

Leia também: Rodrigo Maia envia ao STF parecer contrário à descriminalização do aborto (G1, 24/04/2017)

Não há um levantamento oficial de quantas dessas clínicas existam no país, já que o
mais de um salário mínimo em consultórios ilegais ou em casa, usando remédios ou
chás.

(Ponte Carta Capital, 24/04/2017 – Acesse o site de origem)

 

 

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