Uma pesquisa divulgada no final do mês de março pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), apontando o Brasil na 115ª posição no ranking mundial de presença feminina no Parlamento, dentre os 138 países analisados, voltou a chamar a atenção para a baixa representatividade das mulheres na esfera política. Apesar de ser maioria da população (51,5%) e do eleitorado brasileiro (quase 53% do total de votantes da última eleição), os projetos, políticas públicas e temas de interesse desta parcela da população são definidos, em sua imensa maioria, por homens.
A baixa representatividade das mulheres em cargos públicos, sejam eleitorais ou não, é “um problema estrutural”, que precisa ser combatido por meio de políticas públicas e maior investimento dos partidos políticos. Essa é a avaliação da Professora Drª Cynthia Mara Miranda, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Ela, que tem pesquisas direcionadas ao debate de gênero, afirma que, entre os principais fatores para perpetuação da desigualdade de gênero na política, estão a falta de incentivos e maior investimento dos partidos nas candidaturas femininas; a falta de indicação, também por parte dos partidos políticos, de mulheres para ocuparem cargos de decisão; e a carga de tempo reduzida que a maioria das mulheres dispõem para participar da política, em função da sobreposição de jornadas de trabalho.