O assassinato da designer Denise Stella, de 31 anos, grávida de 2 meses, deixou em choque a cidade de Saltinho, no interior de São Paulo, e provocou revolta nas redes. Ela foi morta nesta segunda-feira pelo próprio chefe, com quem matinha um relacionamento. O suspeito, Cristiano Romualdo, de 39 anos, segundo a Delegacia de Rio das Pedras, matou Denise porque ela engravidou dele e se recusou a fazer um aborto. Romualdo é casado.
(O Globo, 28/04/2017 – Acesse o site de origem)
O suspeito responderá pelo feminicídio de Denise, o homicídio do bebê e ocultação do cadáver. Considerado crime hediondo, o feminicídio ocorre quando uma mulher é morta pela condição do sexo feminino. A pena é aumentada de um terço até a metade se o crime ocorre durante gestação ou nos três meses posteriores ao parto, além de outros casos.
Diante da repercussão do crime, internautas vêm enchendo o perfil de Cristiano no Facebook de mensagens condenando-o pelo crime. “Esse cara acabou com várias famílias. Matou a moça covardemente, o bebê que ela esperava. Acabou com a família dela”, escreveu um usuário, entre os dezenas que deixaram críticas.
Muitos internautas compartilharam a foto do suspeito com hashtags e mais palavras de condenação. Familiares e amigos de Denise trocaram suas fotos de perfil em rede social por uma imagem que simboliza luto, como uma fita preta ou uma rosa em preto e branco.
Cristiano Romualdo, de 39 anos, não aceitou que Denise Stella, 31, continuasse com a gravidez e a matou na última segunda-feira – Facebook/Reprodução
Para grupos que promovem a igualdade entre as mulheres, este é um caso óbvio de feminicídio.
— Muitas mulheres são obrigadas a fazer aborto pelos parceiros. Esse esse homem decidiu eliminar a própria mulher. Diante de um problema, uma contrariedade, ele optou por eliminar o problema. Foi um caso extremo que levou a um feminicídio — critica Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão.
Denise foi enforcada com o cinto de segurança do carro onde os dois discutiram na noite da última segunda-feira. O corpo da designer foi encontrado em canavial da região de Rio das Pedras nesta quarta.
Edna Vechine, de 62 anos, tia de Denise, contou que Cristiano reagiu ao crime de forma muito fria.
— Ele foi trabalhar no dia seguinte, passou no posto de gasolina, agiu como se não soubesse de nada. Foi muito frio, até perguntou “o que será que fizeram com ela?” quando ainda a estávamos procurando. Quanta angústia, meu Deus. Na minha opinião, foram dois crimes: a morte dela e a do bebê — disse Edna.
De acordo com Sanematsu, a desigualdade entre homens e mulheres, representada pelo comum prevalecimento da vontade masculina, está na raiz de situações trágicas como a que ocorreu no interior de São Paulo nesta semana.
— Há muitos casos envolvendo situações em que o homem não aceita traição ou o término do relacionamento, quando a mulher resolve trabalhar ou ter amizade com pessoas de que ele não gosta. A violência contra à mulher vai dessa questão do dia a dia, do desrespeito nas relações, até chegar nesse extremo — afirmou diretora do Instituto Patrícia Galvão
Cristiano ocupava um cargo de gerência em uma empresa de confecção de roupas, e era chefe de Denise. Segundo informações da Delegacia de Rio das Pedras, onde o caso foi registrado, Romualdo, durante seu depoimento, ofereceu respostas evasivas que apresentavam muitas divergências durante o depoimento. O suspeito acabou confessando que tinha um caso com Denise e que, diante da gravidez, ficou sem saber o que fazer.
Os dois se encontraram por volta das 21h30 da última segunda-feira. Romualdo contou à polícia que os dois tiveram uma discussão dentro do carro porque ele queria que a designer abortasse. Por volta das 23h30, ele teria assassinado Denise ao enforcá-la com o cinto de segurança.