“Não foi fácil me expor e conviver com as marcas dessa violência. Não existe aqui a Luiza. Existem mulheres.”
(HuffPost Brasil, 06/06/2017 – acesse no site de origem)
Na última terça-feira (05), uma sentença do Tribunal de Justiça São Paulo decidiu que o empresário Lírio Parisotto foi condenado a um ano de prisão por ter agredido Luiza Brunet.
A condenação da juíza Elaine Cristina Monteiro Cavalcanti também determinou que Parisotto deverá ficar dois anos sob vigilância, sendo obrigado a cumprir serviço comunitário durante 12 meses.
A decisão põe fim ao ciclo de violências vivido por Brunet. Ela foi espancada pelo ex-namorado no ano passado, em uma viagem do casal para Nova York.
Desde que tornou público o caso, Brunet tem se posicionado contra o silenciamento de agressões às mulheres.
Ela chegou a lançar campanhas, como a da hashtag #CoragemPraMudar em seus perfis nas redes sociais.
Ao tomar conhecimento da decisão, ela dedicou a sentença à todas as mulheres.
“Este dia dia não é só meu – que atravessei esse doloroso caminho pessoal até aqui e precisei romper tantos medos. É um momento muito maior pelo que significa para tantas mulheres na mesma condição. Não existe aqui a Luiza. Existem mulheres”, escreveu em um post no Instagram.
Em seu perfil na mesma rede social, Parisotto afirmou que vai recorrer a decisão.
No Brasil, a cada hora, mais de 500 mulheres são violentadas, espancadas ou ameaçadas. Em 2016, foram 4,4 milhões de mulheres vítimas de alguma agressão.
Apesar do alto índice de ocorrências, 52% das mulheres não denunciaram a violência sofrida. Ainda, das mulheres que denunciam, cerca de 70% retiram as denúncias contra seus agressores.
Isso porque as mulheres que resolvem não se calar enfrentam o medo, a insegurança e o desamparo.
Ao HuffPost Brasil, a promotora de Justiça Gabriela Mansur chamou a atenção para a ausência do Estado como um dos fatores que perpetua casos de agressão e feminicídio no País.
“Enquanto não for prioridade de investimento público, destinação de verba, aprimoramento dos atendimentos, credibilidade da palavra da vítima, deixar pessoas especializadas em estratégias de políticas públicas e criminal, não vamos conseguir diminuir os índices de violência contra a mulher.”