Na visita de Taís Araújo, defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, ao Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia do Sistema das Nações Unidas no Brasil coordenador residente da ONU destaca impacto do racismo na vida das mulheres negras e reafirma compromisso com a Agenda 2030 e a Década Internacional de Afrodescendentes
(ONU Mulheres, 07/07/2017 – acesse no site de origem)
Recém-nomeada defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, Taís Araújo, foi apresentada pela representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, ao Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia do Sistema das Nações Unidas no Brasil, uma das instâncias de articulação e gestão da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e da Década Internacional de Afrodescendentes. O encontro ocorreu, segunda-feira (3/7), na Casa da ONU, em Brasília.
“Taís, esse é o grupo que trabalha, na ONU Brasil, as questões de igualdade de gênero, racial e étnica e que tem feito um trabalho muito importante para que esses temas, assim como o combate ao sexismo e ao racismo, estejam no centro do trabalho de todas as agências”, disse Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil e líder do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil, ao saudar a defensora.
No encontro, o GT de Gênero, Raça e Etnia expôs o trabalho de articulação e monitoramento. Ana Carolina Querino, gerente de Programas da ONU Mulheres Brasil, destacou as ações do Plano de Trabalho da ONU Brasil para a Década Internacional de Afrodescendentes, alinhado com o princípio de não deixar ninguém para trás, focando nos grupos em situação de maior vulnerabilidade, preconizado na Agenda 2030 e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ressaltado no Marco de Parceria para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021.
Na apresentação, a ONU Mulheres destacou o processo político da sociedade civil ao mostrar os desafios trazidos para o Brasil pela Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, ocorrida em 2015, e a estratégia de comunicação e advocacy Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, desenvolvida, desde março deste ano, pela ONU Mulheres. Um dos marcos do lançamento da estratégia foi a nomeação de Kenia Maria, defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, e a mobilização de youtubers negras.
“Comunicar para muito mais gente. Comunicar para os meus iguais, para os meus diferentes. Tentar elucidar quem precisa ser elucidado e sensibilizar quem precisa ser sensibilizado. Trazer para a luta, porque de fato que, com esse abismo social entre homens brancos e mulheres negras, a gente não avança. Temos que elaborar e pensar outros artifícios para que a gente consiga sair desse lugar que a gente se colocou como sociedade, baseada em privilégios. Eu hoje me coloco à disposição da ONU Mulheres, na defesa dos direitos das mulheres negras e em favor do empoderamernto das mulheres”, afirmou Taís Araújo, defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil.
Direitos das mulheres negras – Na saudação à defensora da ONU Mulheres, o coordenador residente da ONU Brasil, Niky Fabiancic, frisou o compromisso da organização com a eliminação do racismo. “Sabemos que são muitos os desafios, no Brasil, para os direitos humanos de afrodescendentes e, particularmente, os direitos das mulheres negras. As mulheres negras no Brasil estão em larga desvantagem no mercado de trabalho, vivenciando os impactos das desigualdades de gênero e raça. Ainda hoje, o trabalho doméstico é a principal porta de entrada das mulheres negras no mercado de trabalho e é onde a violação de direitos é mais evidente. Sabemos que a luta pela igualdade não pode esperar. A ONU trabalha, todos os dias, para que as mulheres negras tenham os seus direitos respeitados. E hoje, ganhamos um reforço enorme com o seu trabalho. Seja bem-vinda Taís, à nossa família, como defensora dos Direitos das Mulheres Negras”, disse Fabiancic.
Nadine Gasman salientou a persistência das desigualdades de gênero e raça, as quais demandam medidas focadas na interseccionalidade. “Comparando há 50 anos atrás, estamos em outro patamar, mas não estamos onde queremos estar. A gente sempre fala que mesmo num patamar mais alto não é assim para todas as mulheres. Por isso, o tema da intersecção entre gênero e raça, gênero e etnia, idade, entre outros, é tão importante para identificar as mulheres no plural. Por isso, a ênfase. Tudo o que a gente fala é no plural”, afirmou a representante da ONU Mulheres.
No final da reunião, Fabiancic ressaltou o empoderamento político das mulheres como uma das áreas para concentração do trabalho da ONU. “O empoderamento econômico e o fim da violência são temas importantes. São mais de 100 milhões de mulheres no Brasil e somente um dos 27 estados governado por uma mulher. Temos que trabalhar para ter mais mulheres em posição de poder no Congresso, governadoras, vereadoras. Isso requer uma campanha com ação afirmativa. As medidas tomadas até agora são insuficientes. Temos que trabalhar, a longo prazo, para reverter essa situação de desigualdade”, completou o coordenador residente da ONU Brasil.