(Blog Mulher 7×7/Época) Renata Neder, da ONG internacional Action Aid, discute a segurança das mulheres em diferentes cidades do mundo.
“Um estudo conduzido na Índia pela rede PUKAR (Partners for Urban Research and Knowledge) mostrou que a preocupação com segurança e medo da violência sexual limita a mobilidade das mulheres e reduz seu acesso aos espaços públicos. E essa é uma realidade em muitos outros países.”
“É muito comum que meninos comecem a andar sozinhos pela cidade muito antes das meninas, ou que rapazes voltem para casa de ônibus de madrugada enquanto as adolescentes preferem os taxis ou a carona de um dos pais.”
“Mulheres sentem medo de praças vazias, de ruas desertas, de becos escuros, de transporte público, com muito mais frequência que os homens. E, por isso, internalizam no seu cotidiano diversas práticas ou restrições que as fazem sentir mais seguras. Fazemos isso com tanta naturalidade que nem nos indignamos mais com o fato de, na prática, não exercermos os mesmos direitos que os homens no acesso à cidade e vivência da vida urbana.”
“Não é certo delegar às mulheres a responsabilidade por sua segurança. As cidades devem ser seguras para as mulheres, e Estado e sociedade devem garantir isso.”
“As cidades seguras também dizem respeito aos estereótipos sócio-culturais e pressupostos a respeito do “lugar” da mulher na sociedade e na cidade. Ideias que ditam o que é apropriado ou não para uma mulher. Para tornar uma cidade segura para as mulheres, é fundamental questionar essas ideias construídas e estabelecidas.”
“A UNIFEM (Organização das Nações Unidas para a Mulher) hoje desenvolve diversos programas na América Latina (Argentina, Colômbia, Chile, Peru, El Salvador, Guatemala, Brasil) que buscam compromisso dos governos para garantir mudanças efetivas nas suas cidades tornando-as mais seguras para as mulheres.”
“Em dezembro do ano passado, a organização lançou o programa “Cidades seguras e livres de violência contra mulheres e meninas”, que foca em áreas de maior pobreza urbana nas cidades de Quito (Equador), Cairo (Egito), Nova Deli (Índia), Porto Moresby (Papua Nova Guiné) e Kigali (Ruanda).”
Auditoria de segurança da mulher
“Grupos de mulheres, organizações locais, movimentos sociais, e redes se mobilizam e se organizam para fazer as auditorias. Através delas, as mulheres identificam os fatores que tornam os espaços da cidade seguros ou inseguros para elas. Os resultados são divulgados e se exige que o poder público planeje então as intervenções necessárias para tornar as cidades mais seguras para as mulheres. As auditorias foram muito utilizadas na Índia e orientaram alterações no sistema de transporte público, por exemplo. Mas é uma ferramenta que pode ser usada em qualquer lugar do mundo.”
“Mudanças apenas no espaço da cidade, sem articular com uma posição clara sobre o direito das mulheres como cidadãs e seu direito à cidade, não é suficiente para garantir a segurança das mulheres nos espaços públicos.”
“E o que poderíamos dizer então sobre o Brasil? Vocês acham que as cidades brasileiras são seguras para as mulheres? Que restrições são impostas ao cotidiano das mulheres na sua vida urbana aqui?”
Leia o artigo completo: Cidades mais seguras para as mulheres, por Renata Neder (Blog Mulher 7×7/Época – 20/08/2011)