O relato de uma jovem italiana vítima de assédio sexual viralizou depois de ela ter afirmado sentir “sorte por não ter sido estuprada”.
(BBC Brasil, 17/08/2017 – acesse no site de origem)
Natural de Scandicci, na região da Toscana, Anita Fallani, de 18 anos, que é filha do prefeito da cidade, descreveu ter sido abordada por um homem desconhecido quando esperava pelo bonde que a levaria para casa uma noite, depois de sair com amigos.
“Você me vê e acha que deve começar a me incomodar. Eu nunca vi você, não tenho a menor ideia de quem você seja, mas isso não o impede de se aproximar. ‘Boa noite, senhorita, como vai você? Qual o seu nome? Por que você não responde?”, ela escreveu, recapitulando a abordagem.
Fallani disse ter ignorado as perguntas que o desconhecido fez mesmo depois de subir no bonde. Ela chegou a colocar fones de ouvido na esperança de que ele parasse de incomodá-la.
Quando ela desembarcou, entretanto, ele passou a segui-la. “Sinto vontade de chorar. Estou sozinha e não sei o que fazer”.
Ela fingiu que telefonava para alguém, mas ele continuou atrás. “O que você está fazendo? Você vem comigo?”, disse-lhe. “Começo a ficar com muito medo”, prossegue o relato.
Ela o ignorou, mas ele a continuou seguindo. Fallani escreveu: “Eu me pergunto por que nós não temos a mesma liberdade que os homens”.
Quando a jovem finalmente chegou em casa, se sentiu mais segura e aliviada, mas o sentimento se transforma em uma “raiva profunda”.
“A minha história é como muitas outras. Não tem nada de extraordinário, não é uma exceção, mas uma das muitas coisas que compõem a nossa vida, completamente normal”, ela escreveu, acrescentando que esse tipo de experiência tinha se tornado tão normal quanto “receber uma multa”.
“Eu me pergunto quantas vezes devemos nos sentir ‘sortudas’ por não sermos estupradas.”
O relato de Anita foi reproduzido pelos sites de grandes jornais italianos como La Repubblica e Corriere della Serra, com milhares de compartilhamentos nas redes sociais.
Em um segundo post, ela disse que tinha compartilhado sua “experiência terrível e angustiante” porque era “uma experiência comum que não pode continuar sendo normal”.